Estou numa altura do caminhar da minha vida em que as recordações são muitas e profundas, tocando minha sensibilidade. Recordações felizes, tristes, doloridas – frutos de tantos momentos vividos ao longo do percurso da vida física.
O que fazer com essas recordações? Elas podem influenciar minha vida? E eu me perguntei: por que recordar? Para quê? E esses fatos gratos, o que proporcionam para a minha vida?
O autor da Logosofia ensina que:
“Adicionaremos, finalmente, que as imagens gravadas na retina mental com a participação da consciência raras vezes são esquecidas. Existem na vida humana passagens, fatos, condutas, fragmentos de existência, que tiveram a virtude de conceder-nos instantes de felicidade, alegria, paz ou ventura. Esquecê-los é enterrá-los no passado, como coisa morta. Tamanha ingratidão afeta, entretanto, essas partes da existência que, por serem inseparáveis da vida, reclamam sua recordação. Quando buscadas, convertem-se em estímulos poderosos; são como porções de vida fresca que, ao palpitarem em nós, reverdecem o ânimo e nos impulsionam para diante, enquanto nos inclinamos para saudar com silencioso recolhimento, a magna obra da Criação.” (do livro Deficiências e Propensões do Ser Humano)
Fiquei refletindo e recordando tantos momentos felizes vividos. Observei que, muitas vezes, reviver essas alegrias e estímulos me dava vontade de seguir em frente, na conquista de mais momentos de felicidade.
Mas e as recordações tristes? A dor da perda de um ente querido? Também essas, por mais doloridas que sejam, poderão trazer algum bem à alma?
Constantemente recordo de todos os seres queridos que já partiram – meus pais, meus tios, primos, irmãs, meu marido. Nessas recordações estão os momentos felizes que passamos juntos, e na minha mente as imagens vão se perfilando, enquanto o coração se enche de alegria. É como se se repetissem na minha mente as festas que fazíamos quando nos reuníamos: uma festa mental, aquecida pelo calor do coração. É uma festa transcendente.
Aprendi com o autor da Logosofia que, ao fazer o exercício de recordar os bons momentos vividos com esses seres queridos, a dor se atenua, a mente se tranquiliza, o sorriso volta a brilhar no rosto, o coração se aquece e sentimos o mesmo afeto que tínhamos por eles, quando estavam presentes neste mundo. Assim, a felicidade volta a reinar na vida.
Refleti também sobre a altura em que se encontra o meu espírito em seu caminhar por sua longa existência. Perguntei-me se, para ele, também seria bom recordar, e percebi que toda recordação é muito importante para o espírito, pois ele é responsável por absorver, em cada etapa de sua jornada, tudo o que foi vivido.
Recordar é viver no presente todas as alegrias do passado e projetar para o futuro o que ainda se tem por viver, permitindo ao espírito absorver tudo o que foi bom. Temos, assim, a prerrogativa de transformar nossos erros, deficiências, tendências e hábitos ruins ainda nesta etapa de vida.
Hoje sei que todos os meus sistemas: mental e sensível, acompanhados da força do sistema instintivo, trabalham em uníssono para dar ao espírito o que ele veio buscar aqui na Terra: o conhecimento.
De todas as recordações, reflexões e experiências que vivi ao aplicar esses ensinamentos, surge com força o sentimento de gratidão a Quem me deu a oportunidade da vida e a quem me deu o conhecimento para transformá-la em atos de bem, fazendo dela um verdadeiro oásis de amor, felicidade e paz insuspeitados.
“É necessário recordar, uma e outra vez durante o dia, que se está empenhado em um extraordinário e formoso labor, que não só reconstrói a vida com os mais sólidos elementos do saber, mas também que se está forjando um novo e luminoso destino.” Do livro Deficiências e Propensões do Ser Humano)
Dionette Tesser Ferrari
Investigadora e docente de Logosofia
Fundação Logosófica em Prol da Superação Humana
(24) 988421575

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