
Durante as férias escolares, aumenta o tempo das crianças em casa e, com ele, os riscos à saúde e segurança dos pequenos. Quedas, queimaduras, uso excessivo de telas e até impacto emocional estão entre os principais pontos de atenção, segundo a Dra. Natália Kopke Soares Nascimento, pediatra do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição.
“Durante as férias, as crianças passam mais tempo em casa, o que aumenta o risco de alguns acidentes. Os mais comuns são as quedas – de camas, escadas, sofás ou brinquedos –, que podem gerar desde entorses até fraturas. Outro risco frequente são as queimaduras, geralmente causadas por líquidos quentes, ferro de passar e fogão”, alerta a médica.
Para prevenir esse tipo de ocorrência, a orientação da pediatra é clara: supervisão constante de um adulto e adaptação do ambiente doméstico.
Cuidados simples que fazem diferença
Medidas simples podem reduzir consideravelmente os riscos de acidentes em casa. A Dra. Natália Kopke Soares Nascimento recomenda:
Tomadas: use protetores específicos e evite fios soltos ou extensões acessíveis.
Móveis: proteja quinas de mesas e móveis baixos com protetores apropriados e fixe os móveis altos na parede.
Objetos cortantes: mantenha facas, tesouras e ferramentas fora do alcance das crianças, preferencialmente em gavetas trancadas.
Além disso, segundo a médica, é fundamental ensinar hábitos seguros desde a primeira infância.
Casas com piscina e escadas exigem atenção redobrada
Em ambientes com piscina, as recomendações incluem:
Nunca deixe a criança sozinha, mesmo que ela saiba nadar.
Evite brinquedos dentro ou perto da piscina, que podem atrair a atenção dos pequenos.
Cubra a piscina com capas firmes quando não estiver em uso.
Ensine noções básicas de segurança na água, respeitando a faixa etária.
No caso de escadas:
Instale portões de segurança na base e no topo.
Retire tapetes soltos ou objetos dos degraus.
Mantenha boa iluminação e oriente sobre o uso correto do corrimão.
Tenha um kit de primeiros socorros em casa
Um kit de primeiros socorros doméstico deve estar sempre acessível e bem organizado. A pediatra do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição recomenda ter os seguintes itens em casa:
Curativos adesivos (Band-Aid)
Gazes estéreis, algodão e fita microporosa
Soluções antissépticas em spray (álcool 70% ou clorexidina)
Soro fisiológico
Tesoura sem ponta e pinça
Mas a médica ressalta que “ferimentos e queimaduras maiores devem passar por avaliação médica, antes de qualquer cuidado doméstico”.
Quando levar a criança ao pronto-socorro?
A orientação é procurar atendimento médico imediato diante de sinais como:
Febre alta persistente, especialmente em bebês menores de 3 meses
Dificuldade para respirar
Vômitos ou diarreia intensos com sinais de desidratação
Quedas com batida na cabeça seguidas de sonolência ou perda de consciência
Cortes profundos ou sangramentos que não cessam
Engasgos ou suspeita de ingestão de objeto pequeno
Queimaduras grandes ou em áreas sensíveis (rosto e mãos)
Convulsões ou episódios de desmaio
“Em caso de dúvida, é sempre melhor buscar atendimento do que esperar”, reforça a especialista.
Excesso de telas também é um risco à saúde
Durante as férias, o tempo de exposição a celulares, tablets e televisão tende a crescer, o que pode afetar diversos aspectos da saúde infantil. Segundo a pediatra, os principais impactos do uso excessivo de telas são:
Problemas de visão: olhos secos, ardência, vista cansada e miopia.
Distúrbios do sono: a luz azul interfere na produção de melatonina, dificultando o sono.
Sedentarismo: ganho de peso, perda muscular e problemas posturais.
Atrasos no desenvolvimento: especialmente em crianças pequenas, prejudica a linguagem e a interação social.
Alterações emocionais: como irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração.
A recomendação é limitar o tempo de tela, garantir pausas regulares e priorizar atividades ao ar livre e convivência familiar.
Qual é o tempo ideal para uso de telas?
As orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Organização Mundial da Saúde (OMS) são claras:
Menores de 2 anos: nenhum tempo de tela (exceto chamadas de vídeo com familiares).
De 2 a 5 anos: até 1 hora por dia, com supervisão.
De 6 a 10 anos: de 1 a 2 horas por dia, equilibrando com atividades físicas.
A partir dos 11 anos: o tempo deve ser controlado, priorizando sono, estudo, atividade física e socialização.
Como equilibrar eletrônicos e brincadeiras?
Para garantir o equilíbrio, a pediatra do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição sugere:
Estabeleça horários fixos para o uso de telas.
Crie uma rotina diversificada, incluindo atividades físicas, leitura e tempo livre.
Ofereça brincadeiras alternativas como jogos de tabuleiro, pintura e culinária.
Dê o exemplo — quando os adultos controlam o uso de telas, as crianças tendem a seguir o mesmo comportamento.
Estimule o convívio com irmãos, primos e amigos.
Férias também impactam a saúde emocional
O período de férias pode afetar positiva ou negativamente o bem-estar das crianças. “O descanso e o tempo com a família são benéficos, mas o tédio, o excesso de telas e a falta de socialização podem trazer impactos emocionais”, explica a Dra. Natália Kopke Soares Nascimento.
Sinais de alerta incluem:
Mudanças de humor (tristeza, irritação, apatia)
Alterações no sono ou apetite
Falta de interesse por brincadeiras
Queixas físicas sem causa definida (dor de cabeça, barriga)
Regressões comportamentais (como voltar a fazer xixi na cama)
“É sempre bom lembrar que férias são sinônimo de diversão e descanso, mas precisam ser acompanhadas de atenção e responsabilidade dos adultos”, finaliza a pediatra do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição.
Assessoria HCNSC
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