Era início de dezembro. A atividade estava marcada para às onze. O dia bonito, com sol de final de primavera, fez-me pensar se teria sido boa a escolha do horário. Mas logo os convidados foram chegando, e a dúvida nem teve tempo de ganhar força.
Na direção, dois jovens do setor juvenil da filial de Botafogo distribuíram uma folha com uma pergunta de cada lado. À esquerda, “o que sou?”; à direita, “o que quero ser?” Foi o primeiro baque! Se a folha fosse uma gangorra de parquinho infantil, passados uns dez minutos “o que quero ser?” estaria enfiado no chão olhando “o que sou?” balançando as perninhas no ar.
À medida que a conversa foi tomando corpo, com as orientações trazidas pelos componentes e organizadores, consegui reequilibrar a gangorra e a brincadeira começou a funcionar. Quando minha folha estava já ganhando ares de conteúdo publicável, pediram que virássemos para o verso da página.
“Como ser o que quero ser?”
Segundo baque! Se minha vida dependesse de percorrer aquela distância naquele momento, eu teria desejado que “o que quero ser” tivesse sido menos idealizado.
Novamente, ajudado pela boa condução da atividade, o “como” também foi tomando corpo, a ponto de o verso da folha tornar-se a melhor parte. Eu queria sair dali correndo e já começar o plano de vida que em pouco mais de meia hora eu havia traçado.
Com o “como” já resolvido, deixamos a folha de lado e voltamos para o “por que ser melhor?” Dessa vez, porém, não houve baque. A resposta surgiu de dentro de mim já preparada. Não resolvida como numa prova de português; fosse esse o caso, a professora teria passado um x bem vermelho com a observação “porque sim não é resposta”. Naquela hora, porém, era a única. Única, suficiente e certeira. Uma página inteira, um livro, uma tese cheia de citações e estudos de casos não teriam mais força do que aquele “sim” vindo do coração. E eu não era o único a enxergar com tanta clareza. Todos, felizes, pareciam compreender que a vida é luta e superação. Para isso viemos, para evoluir e ajudar.
Saindo da Fundação Logosófica, com o sol já ignorando que era primavera, tomei à direita, a caminho de casa, onde minha esposa e filhos esperavam-me para almoçar. À esquerda foram todos os outros participantes; todos jovens, um ou outro com mais de vinte anos. Olhando-os caminharem juntos, procurando o restaurante mais próximo, qualquer que fosse, com ou sem ar-condicionado, quase senti inveja. Tão novos, livres, sem aquela delinquência que às vezes parece obrigatória para a idade. Já sabendo para que vivem e o que querem. No caso, o que queriam naquela hora era apenas estar juntos e continuar a conversa — como soube, depois, que de fato ocorreu. Ao fim, ainda marcaram uma próxima. Não um “vamos marcar”, também tão comum entre os jovens. Agendaram, de local e data marcada. Vão a um encontro nacional. E eu vou de carona, fingindo que ensino, sabendo que aprendo.
Florianópolis, este mês, setembro de 2024, estaremos lá.
Na direção, dois jovens do setor juvenil da filial de Botafogo distribuíram uma folha com uma pergunta de cada lado. À esquerda, “o que sou?”; à direita, “o que quero ser?” Foi o primeiro baque! Se a folha fosse uma gangorra de parquinho infantil, passados uns dez minutos “o que quero ser?” estaria enfiado no chão olhando “o que sou?” balançando as perninhas no ar.
À medida que a conversa foi tomando corpo, com as orientações trazidas pelos componentes e organizadores, consegui reequilibrar a gangorra e a brincadeira começou a funcionar. Quando minha folha estava já ganhando ares de conteúdo publicável, pediram que virássemos para o verso da página.
“Como ser o que quero ser?”
Segundo baque! Se minha vida dependesse de percorrer aquela distância naquele momento, eu teria desejado que “o que quero ser” tivesse sido menos idealizado.
Novamente, ajudado pela boa condução da atividade, o “como” também foi tomando corpo, a ponto de o verso da folha tornar-se a melhor parte. Eu queria sair dali correndo e já começar o plano de vida que em pouco mais de meia hora eu havia traçado.
Com o “como” já resolvido, deixamos a folha de lado e voltamos para o “por que ser melhor?” Dessa vez, porém, não houve baque. A resposta surgiu de dentro de mim já preparada. Não resolvida como numa prova de português; fosse esse o caso, a professora teria passado um x bem vermelho com a observação “porque sim não é resposta”. Naquela hora, porém, era a única. Única, suficiente e certeira. Uma página inteira, um livro, uma tese cheia de citações e estudos de casos não teriam mais força do que aquele “sim” vindo do coração. E eu não era o único a enxergar com tanta clareza. Todos, felizes, pareciam compreender que a vida é luta e superação. Para isso viemos, para evoluir e ajudar.
Saindo da Fundação Logosófica, com o sol já ignorando que era primavera, tomei à direita, a caminho de casa, onde minha esposa e filhos esperavam-me para almoçar. À esquerda foram todos os outros participantes; todos jovens, um ou outro com mais de vinte anos. Olhando-os caminharem juntos, procurando o restaurante mais próximo, qualquer que fosse, com ou sem ar-condicionado, quase senti inveja. Tão novos, livres, sem aquela delinquência que às vezes parece obrigatória para a idade. Já sabendo para que vivem e o que querem. No caso, o que queriam naquela hora era apenas estar juntos e continuar a conversa — como soube, depois, que de fato ocorreu. Ao fim, ainda marcaram uma próxima. Não um “vamos marcar”, também tão comum entre os jovens. Agendaram, de local e data marcada. Vão a um encontro nacional. E eu vou de carona, fingindo que ensino, sabendo que aprendo.
Florianópolis, este mês, setembro de 2024, estaremos lá.
Felipe Nunes
Docente e Investigador da ciência logosófica
Fundação Logosófica em Prol da Superação Humana
(24) 98842 1575
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