Bambas do Ritmo faz festa pelos 60 anos de existência

Agremiação iniciou trajetória carnavalesca como bloco nas cores azul e rosa; em 1972 estreou como escola de samba




Redação



Uma das mais tradicionais escolas de samba do carnaval trirriense, localizada na Avenida Rui Barbosa, 516, no bairro Cantagalo, o GRES Bambas do Ritmo comemora 60 anos de existência neste sábado (13).

Segundo o presidente Fabiano Pacheco, as comemorações terão início às 19h, na quadra, com uma celebração religiosa.

O samba começa a partir das 21h, com o grupo Energia Positiva. Logo em seguida se apresentam todos os segmentos da escola ao som da Bateria Puro Ritmo comandada por Mestre Silvestre, com a rainha Jô Saldanha à frente. O intérprete Genê canta sambas de enredo históricos da agremiação e o samba de enredo “Salve Jorge – O Cavaleiro da capa encarnada”, para o carnaval desse ano de autoria dos compositores Dirceu Duarte, Serginho, Petinho do Lilico, Tiago Donato, Victor Hugo e Flávio Mogeta.

O enredo está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Victor Matheus com participação do renomado enredista Diego Araújo.

O evento desta noite na quadra terá ainda a participação das coirmãs Mocidade Independente de Vila Isabel, Sonhos de Mixyricka e Independente do Triângulo. A entrada é gratuita.



Domingo tem feijoada



A comemoração pelo 60º aniversário da vermelho e branca continua no domingo (14) com a “Feijoada dos 60 anos”, que terá início às 13h, até às 17h. O valor da feijoada é apenas R$ 20.



História



A história da agremiação começa no dia 13 de janeiro de 1964, numa segunda-feira, quando ocorreu a fundação na casa do saudoso Esmeraldino dos Santos, onde fica a atual sede, nas proximidades da ponte da Rua Cassiano Antônio. Além de Esmeraldino, apelidado de Bomba, são fundadores da escola: Adilson Vicente da Silva, Eunice de Souza Almeida, Idenei Bueno da Silva, Jaime Rodrigues de Souza (Nana), João de Paula (João Espinha), João Evangelista de Souza (Abelha), Jorge de Souza (Charuto), José Esteves (Fiúza), Lincoln Rodrigues de Souza (que dá nome à quadra), Nilton da Silva (Niltinho – primeiro presidente), Pedro José Esteves, Vaner dos Santos (Vaninho) e o sul-paraibano Wilson Luiz Gomes (Titiu).

Contam que o nome Bambas do Ritmo foi sugerido pelo fundador Abelha. A votação pelo nome escolhido superou em apenas um voto o nome Unidos do Império do Samba, sugerido por Adilson Vicente.

O bloco teve início com as cores azul e rosa e com muita dificuldade se manteve até 1970.

Segundo o fundador Nana, o estandarte do bloco prestou uma homenagem a um sambista do Cantagalo, o popular Wilson Coreia, que era operário em uma olaria e batucava seu inseparável tamborim pelas ruas do bairro. O negro com o tamborim é mantido até hoje como símbolo do pavilhão da agremiação.


 

As peças de bateria chegaram a ser cedidas pelo bloco coirmão Bom das Bocas, por meio do saudoso Humberto Duarte Pereira, o Bina Fuzil. Mas, pouco tempo depois as peças deixaram de ser emprestadas e a diretoria do Bambas teve que procurar outros meios para manter seu ritmo.

Nesse período inicial, destaca-se a importante participação do saudoso mestre de bateria Titiu, que, atendendo um pedido do Lincoln, quando estava hospitalizado, convidou Elail de Lima para atender o amigo e assumir a liderança da agremiação. Elail foi eleito presidente sob as seguintes condições: elevar o bloco à categoria de escola de samba e a mudar as cores para vermelho e branco, as mesmas do América FC, onde Elail jogava futebol; o que foi feito. Contam que Elail, político na época, foi até o Comendador Levy Gasparian, que doou dinheiro para a compra de peças para a bateria.

 

Para o batizado, uma comitiva da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro esteve na quadra, e a tradicional agremiação carioca apadrinhou a nova escola de samba que estrearia nessa categoria no carnaval de 1972, com o enredo “Pai Joaquim D´Ángola”, mais conhecido como “Chegou quem estava faltando”, com samba de enredo feito às pressas pelo compositor João Regueta, de Barra do Piraí.

A partir de sua estreia bem sucedida com o vice-campeonato de 1972, o Bambas seguiu sua gloriosa trajetória como líder, ao lado do Bom das Bocas, em número de títulos: 16 ao todo.

 
Compositores Marcílio Lacerda (à esq.), Sebastião Pádua (autor de 12 sambas) e Fernando Barbosa, autor de 11 sambas) fizeram história com seus sambas de enredo.
Em baixo (à esq.), ao lado do presidente Fabiano Pacheco o intérprete Genê. O cantor é o que ficou mais tempo à frente do microfone oficial da escola



O primeiro título aconteceu em 1974, na Avenida Condessa do Rio Novo, com o enredo "A influência africana na cultura brasileira", conhecido como "Honra e Glória (Saravá, meus batuqueiros)", com samba de enredo do compositor Sebastião de Pádua Alves, autor, sozinho e em parceria, de 12 obras cantadas em memoráveis desfiles.

Em 1976, ano em que desfilou com o enredo "Miscigenação", de autoria da professora, historiadora e escritora Ezilma Teixeira, a escola foi vice-campeã protagonizando uma grande confusão na cidade logo após a apuração das notas no Teatro Celso Peçanha. A Avenida Beira-Rio (atual Prefeito Alberto Lavinas), local do desfile, foi destruída por sambistas insatisfeitos com o resultado e o meio ponto perdido pela agremiação do Cantagalo, que já comemorava a vitória rumo à quadra, quando anunciaram que havia meio ponto a mais da coirmã Bom das Bocas, que sagrava-se campeã daquele carnaval. O belo samba de enredo de autoria do compositor Pádua é cantado até hoje durante ensaios e apresentações da escola: “Na loura a vida amanhece e se aquece na morena. Na mulata ela entardece. Na jambete ela serena”.

Em 1994, quando completou 30 anos, a escola prestou homenagem ao padrinho Salgueiro com um belo desfile do enredo idealizado pelo professor Evandro Massi e desenvolvido pelo carnavalesco Fernando Ferreira, sagrando-se campeã. O samba é de autoria do compositor sul-paraibano José Mário.

Destacam-se, também as passagens dos carnavalescos Gilber Rosa, Junior Pernambucano e Amarildo Lopes. Gilber protagonizou cinco títulos na escola, especialmente o de 2010 (O Bambas é do baralho), quando a escola estava sem ganhar o carnaval há 16 anos.



Os títulos



1974 – A influência africana na cultura brasileira (Honra e Glória - Saravá, meus batuqueiros)

1977 – Giramundo

1978 – Estrela da vida inteira

1979 – Majestade e excelência, o café! (Sabor de amor)

1981 – Festa no céu

1982 – Terra, capital Brasil

1983 – Universo do Cordel

1984 – E o galo cantou...

1987 – De olho nas penas

1993 – Não deixe o samba morrer

1994 – Quem tem padrinho, não morre pagão (Bênção, meu Salgueiro)

2010 – O Bambas é do baralho

2015 – Marajó

2016 – Eu sou o samba

2017 – Vem brincar!

2020 – Sob a Luz do Luar



Grandes baluartes e personalidades



Três personalidades importantes na história do Bambas do Ritmo: Elail de Lima (a partir da esq.), responsável pela ascensão de bloco para escola de samba, com os fundadores professor Wilson Luiz Gomes (Titiu) e Jaime Rodrigues de Souza (Nana)


Três figuras importantes nos desfiles da escola: o empresário Guará, que por muito tempo cuidou da criação das alegorias no barracão; a figurinista Laís Helena Cancela que com admirável talento marcou sua passagem pela agremiação, e a professora, historiadora e escritora Ezilma Teixeira, que assinou enredos importantes na história do Bambas do Ritmo


Nesses 60 anos de momentos marcantes em sua história, destacaram-se grandes baluartes, personagens importantes e colaboradores, como: Devanir Sercio (Guará), Dona Márcia (grande destaque de luxo e ex-presidente), Írio Duarte (saudoso William Buda, como era conhecido), as primeiras portas bandeiras Solange, Sonali e Alessandra Sanas, o primeiro mestre-sala Sueb, a figurinista Laís Helena Cancela, José Maria Pires e Edna, Severino Ferreira, os ex-presidentes Lincoln, Davi, Sylvio de Oliveira (Sylvio Leitoa), Gugu (Rosimar de Oliveira, filha do Sylvio Leitoa), Dirceu Duarte (filho do saudoso Írio), Paulo Sérgio Pereira (Lilinho), Carlos Onofre (Ceguinho), Cecília (da ala das baianas), Marquinho, Dra Virgínia, Antônio Carlos Rangel de Christo, Gustavo Carvalho, Fernando Barbosa (também compositor com 11 obras cantadas na avenida e um samba -exaltação) e ainda Dona Iponina, Dona Alaíde, Dona Biba, Dona Maria Baiana, Dona Dalva de Oliveira, Dr. Olavo Torreão, José Moacyr Pereira, Lafayete Barbosa, compositor Marcílio Lacerda, Mestre Deolésio e sua ala de passo marcado, o passista Joa (atual prefeito de Três Rios), Carlos Bastos, Rogéria Bastos, Macalé, os mestres de bateria Roberto, Antonides, Cassiano Sebastião, Manu (Emanuel Barbaglio, filho do compositor Cláudio Mala Véia), os intérpretes Geraldo Gato Magro, Luiz Carlos (Lulu da Rádio), Stelio, Reginaldo do Salgueiro, os destaques de luxo Aloísio Dotta, Amauri Rodrigues, Zé Américo, Mário Braga (Pai Mário), Joel São Tiago (atualmente apresentador dos desfiles da escola), Rosani (Dodi), Márcio Maé, entre tantos outros nomes que destacaram-se ao longo desses 60 anos.


Amaury Rodrigues e Dona Márcia, destaques de luxo importantes em memoráveis desfiles


 

A direção do Entre-Rios Jornal parabeniza o GRES Bambas do Ritmo pelo seu jubileu de diamante e pelo seu legado e importância para a cultura de Três Rios e região.



















Comentar

Postagem Anterior Próxima Postagem