Proclamação da República e dignidade da mulher II

Diante dos sonhos e horizontes para nossa nação, esboçados na última coluna, compreendemos que a Pastoral da Juventude, por fidelidade ao projeto de Jesus, tem um importante papel e algumas tarefas a viver.

A PJ tem o papel de não pactuar com o silêncio imposto. Precisa igualmente ser espaço de partilha e acolhida das angústias. Precisa fazer processos de formação e conscientização que rompa com os silêncios impostos de diferentes modos e maneiras. A PJ precisa de uma formação que ajude a reconhecer os privilégios que alguns possuem, para que isso não fortaleça os preconceitos.

A PJ precisa formar adultos para um efetivo acompanhamento das juventudes e das mulheres. E igualmente é chamada a manter e seguir formando Redes e Pontes, identificando as pessoas, grupos, organizações e instituições comprometidas com a vida das companheiras.

A PJ precisa seguir nas favelas, periferias, presídios. Precisa seguir junto das/as marginalizadas/os. Precisa estar presente com todas as mulheres. Precisa estar presente com todos/as os/as pobres. Precisa estar onde ninguém mais quer estar. E necessita, igualmente, ocupar os espaços eclesiais e sociais que conseguir para seguir sendo e dando voz, vez e apoio para todas/as, em especial para as jovens mulheres.

A PJ é chamada a seguir crendo na comunidade, na organização, na ciranda, na justiça. Apesar das dores é preciso resistência, até que o Reino de Deus se faça realidade e verdade. é por isso que precisamos seguir lutando para que as mulheres e juventudes sigam sendo respeitadas, sendo igualmente espaço de acolhida para TODAS as mulheres, para todas as juventudes.

A PJ precisa seguir realizando processos pessoais e grupais de formação integral, atentos às múltiplas dimensões da vida, contribuindo com a conscientização das juventudes, da Igreja e de toda a sociedade para que a VIDA seja plenamente garantida para todas e todos.

Desde os grupos de jovens, a PJ deve ser espaço de colo, acolhida, descanso, cura, e bálsamo para todas e todos.

Como PJ precisamos romper com o patriarcado, os abusos, os assédios, o colonialismo, o machismo, o racismo, a xenofobia, a LGBTQIAP+fobia e todas as formas e modos de violência. é necessário continuar a reflexão sobre os processos culturais nos quais a juventude insere-se, rompendo com todas as formas de violência. A PJ precisa refletir sobre como o racismo, as questões de classe, as diferenças territoriais e a diversidade de gênero nos atravessam, para sermos capazes de romper com toda e qualquer forma de violência.

A PJ precisa ser espaço de escuta, de acolhida, de acompanhamento e de atenção às mulheres, sobretudo ser porta voz quando houver violência. É chamada, portanto, a ser espaço para todas as mulheres. As jovens mães, ribeirinhas, amazonidas, indígenas, moradoras de rua, negras e nordestinas têm seu lugar em nossa mesa e ninguém lhes tirará esse lugar.

A PJ precisa ser espaço de formação integral, rompendo com os privilégios, e que, portanto, ajude todos/as a romperem com as piadas e brincadeiras que no fundo são violências.

Queremos uma PJ que incida em diferentes espaços de formação formal e não formal, em vista de processos de libertação, de justiça e igualdade. Queremos uma PJ que siga incidindo sobre todas as Políticas Públicas. A PJ precisa seguir comprometida com a luta, fiscalização e acompanhamento das políticas públicas para plena proteção e desenvolvimento das juventudes e das mulheres. Portanto, somos chamados a seguir engajados na luta para que haja real proteção às mulheres, sobretudo àquelas que sofreram violências.

Conscientes de que a memória é opção pedagógica fundamental, sonhamos uma PJ que faça memória, para que os erros, violências e silenciamentos que já aconteceram não se repitam.

Temos clareza que esse Brasil que sonhamos para as mulheres e a PJ que somos chamados a ser e viver nos desafiam e inquietam. Mas, nos passos de Jesus e sob o manto de Nossa Senhora, seguiremos fazendo essa PJ comprometida com a vida das companheiras.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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