Conselhos de um pai a seu filho

Eis aqui alguns conselhos que, se você os tiver em conta, haverão de evitar-lhe na vida muitas dificuldades e não poucos sofrimentos.


Assim que os puser em prática, comprovará que eles contêm normas precisas para o exercício e o bom rendimento de seus nobres propósitos.

Consagre todo o tempo possível ao estudo – com fé, com entusiasmo –, aumentando cada dia seu saber e sentindo-se disposto, ao mesmo tempo, a conservar esse saber que necessitará, de sua parte, a atenção e a dedicação que sempre devemos prestar às coisas que nos hão de ser úteis.

Estude muito, e predisponha seu ânimo de forma que o estudo chegue a seduzi-lo tanto que você se entregue a ele com alegria. Mas não interprete o que lhe digo como se devesse dedicar-se unicamente ao que os livros ensinam.

Não; o estudo terá de seguir em você um processo de atividade intelectiva permanente, derivado da observação, que você poderá exercitar em todo momento e nos ambientes que frequentar. Sua vida será, pois, motivo constante de estudo. Logo compreenderá que não há estudo mais belo.

Importância das anotações. Convém-lhe escrever, em ordenadas anotações, as impressões que recolha, assim como as apreciações sobre o que observe diariamente, já que depois elas lhe haverão de servir para formular para si valiosas reflexões.

O ato de escrever o levará, além disso, a exercitar o manejo correto do idioma; e o habilitará, mais tarde, para aproveitar tudo isso e expressá-lo em artigos ou livros, quando sua inteligência houver aprendido a amadurecer os temas centrais que você desejar expor.

Fará isto cuidando sempre de que suas expressões reflitam humildade, para que a ninguém resulte chocante o que escrever, mas sim agradável, atraente e ameno.

Quero que surja em você a iniciativa de expressar com clareza seu pensamento; que se aperfeiçoe não só na arte de escrever, mas também na de falar.

Cultive-se em todo instante; pense, pense muito, e faça-o com alegria. Deus o ajudará a criar pensamentos originais e fecundos.

As ideias não acodem se não são chamadas com a única linguagem que entendem. Essa linguagem é o esforço mental que fazemos para entender o que anelamos ou queremos.

O esforço mental atrai a ideia, porque lhe oferece a oportunidade de manifestar-se; mas é essencial que você acostume sua vontade a manter-se ativa.

Una ao esforço a inteligência; você trabalhará menos e fará mais.

A educação da mente custa esforço; um esforço voluntário e consciente. Recorde isto com frequência; recorde também que esse esforço é vida, porque cria energias que suprem amplamente os desgastes que todo esforço ocasiona. Além disso, não esqueça que ele põe à prova, com vantagens para você, sua capacidade de produzir, de fazer, de realizar.

Preocupe-se em forjar um porvir, mas não pretenda fazê-lo em pouco tempo. Recorde que tampouco conseguirá nada se não começa pondo mãos à obra.

Nota: Este artigo foi extraído do livro Bases para sua Conduta, dedicado à juventude, que contém, em grande parte, conselhos, diretivas e ensinamentos que o autor dirigiu a seu filho, Carlos Federico González Puntel (1925–1964).

Coluna Logosofia  
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