Fraternidade sem fome

Já estamos indo para a quinta e última semana da quaresma, tempo de oração, penitência e fraternidade. Isso implica que todos nós cristãos entremos numa dinâmica de crescente conversão.

Como nos recorda o secretário geral da CNBB, Dom Joel Portela, só o ser humano ganhou do Criador a liberdade e a direção da conversão, a ser vivida de modo mais intenso no período da Quaresma, como mandamento do amor deixado por Jesus Cristo.

“O amor a Deus nos conduz ao amor ao próximo e a nós mesmos”, disse. A quaresma, é um tempo litúrgico pedagógico de 40 dias para que os cristãos e católicos sejam pessoas de conversão. O mundo todo precisa passar por um tempo de Quaresma e conversão”.E a Quaresma no Brasil, há 60 anos é enriquecida com a Campanha da Fraternidade. “A Campanha se junta a tudo o mais que é feito neste tempo litúrgico para que numa perspectiva de comunhão a Igreja no Brasil possa viver a conversão”, disse.

E nessa quaresma estamos enfrentando, com todo a sociedade o flagelo social e humanitário da fome, fenômeno que demonstra a incapacidade de um país em oferecer para seus filhos e filhas as condições necessárias para satisfazer o seu instinto de sobrevivência e desenvolvimento como pessoa.

E acrescenta Dom Joel: “Quando a sobrevivência não é atendida é a morte que acontece. Assistimos recentemente o que está acontecendo com os Yanomami”, exemplificou.

O secretário-geral explicou porque a CNBB optou, pela terceira vez, por tratar o tema da fome. Segundo ele, uma das razões é o fato de o Brasil ter reingressado no Mapa da Fome da ONU. “Se a fome de uma pessoa deve nos incomodar, como nos tornar indiferentes diante da fome de milhões de irmãos e irmãs?”, questionou.

A Campanha da Fraternidade mostra uma consequência do pecado, no caso a fome, à qual por meio dos exercícios quaresmais, a Igreja no Brasil convida a todos a enfrentar com ações fraternas e solidárias. “A CF segue um espírito indutivo de nos conduzir ao espírito quaresmal de conversão”, reforçou.

A Campanha se refere à fome não apenas como fenômeno biológico das necessidades humanas, mas com um flagelo social e humanitário.

“São aquelas situações em que o modo como uma sociedade está organizada acaba por deixar seus filhos e filhas em estado de insegurança e indigência alimentar”, definiu Dom Joel. A Campanha segue um caminho metodológico que busca compreender as causas da fome, ouvir a Palavra de Deus para buscar o discernimento e encontrar caminhos de ação.

“Mais do que apenas constatar, compreender e denunciar a triste e vergonhosa atual situação de fome no Brasil, a Campanha da Fraternidade nos convida ao agir, a fazer o que for possível, para que essa triste situação seja extinta”.

O lema bíblico “Dai-lhes vós mesmos de comer”, extraído do Evangelho de Mateus 14,16, é uma convocação à toda a sociedade brasileira (pessoas, comunidades, instituições e instâncias em todos os níveis) à solidariedade com quem passa fome.

Assim, as ações vão do plano individual, como por exemplo evitar o desperdício de comida, à cobrança por políticas públicas de Estado de combate à fome.

O texto-base da CF afirma que “alimentação é um direito e, como tal, deve ser garantida pelo Estado a todos os seus cidadãos”. A fome não distingue idade, gênero, crença, ideologia ou qualquer outra condição. A fome atinge seres humanos, interpela a todas as consciências, questiona todos os argumentos e põe no chão todas as justificativas.

Mais do que apenas constatar, compreender e denunciar a triste e vergonhosa atual situação de fome no Brasil, a Campanha da Fraternidade nos convida ao agir, a fazer o que for possível.

E nesse sentido queremos felicitar a tantos cidadãos trirrienses – destaque aos jovens “Sou porque somos”, a Sociedade Espírita Joanna Ângelis, o Grupo Espírita Fé e Esperança, Grupo Espírita São Francisco de Assis, Centro Espírita Caridade e União – Geraldina, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Ponto Azul – Pastora Nelzina, as Conferencias Vicentinas e a Paróquia São José Operário, bem como a várias empresas, especialmente às empresas Condessa Autopeças, Bramil, Realize, Posto Ypirangão,e tantas outras instituições e a cada pessoa em particular pela cooperação mensal, desde os tempos da pandemia até agora pela segurança alimentar das famílias dos desempregados e empobrecidas. Estendamos as mãos. A fome não pode esperar. “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

Medoro, irmão menor-padre pecador

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