Quando assinei minha ficha de filiação ao PT, em 1987, desejava ingressar em um partido político que representasse os anseios da classe trabalhadora. Levava minha trajetória de luta no futebol junto a tantos companheiros de outras profissões.
Fomos às ruas defender nossa ideologia e nasceu a expressão militantes políticos. Perdemos três eleições seguidas e não quebramos um só copo. Pelo contrário, fomos ao barzinho mais próximo tomar uma cerveja para esquecer a derrota.Depois, ao ganhar três eleições seguidas, sentimos na pele as dificuldades em implantar políticas públicas de redistribuição de rendas e oportunidades diante de uma elite retrógrada e conservadora.
O que era para ser uma designação política de um cidadão comum e do bem, ser petista, tal foi a campanha de difamação dos órgãos de comunicação, tornou-se um símbolo negativo.
Quando passava pelas ruas da minha cidade, Três Rios, dava para ouvir ecos do que pensavam sobre mim: "Uma lástima esse cara ser um petista!". Na família, até aceitavam que fosse candidato novamente. Desde que trocasse de partido.
Como muitos, não desisti. Levei minha bandeira contra o Impeachment da Dilma, a prisão ilegal do Lula e o apoio à Fernando Haddad como candidato à presidência.
Ontem, diante dessa horda de radicais bolsonaristas, que mostraram o ódio às instituições que nunca tivemos, o desapreço à democracia que sempre respeitamos, ser petista voltou a ser motivo, talvez não de orgulho, pelo menos de respeito à nossa opção.
Não somos melhores nem piores seres políticos. Apenas militantes de um partido que respeita a ordem pública, o resultado das urnas, o direito de ir e vir da população e o valor cultural e histórico de um quadro de Di Cavalcanti, ontem destruído.
Que para entender seu valor histórico será preciso alguns bolsonaristas procurarem uma livraria. Não mais um clube de tiro.
Por José Roberto Padilha
Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Entre-Rios Jornal
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