Os acolhidos somos nós



Esse craque do meio (foto), entre a Thainá e o Guilherme, que ontem participou das festividades de encerramento anual do Caps AD, é o Cabeça.

Apelido do futebol. Dizem, as línguas de bom gosto esportivo, que foi um dos maiores meio-campistas trirrienses de todos os tempos.

Está há algum tempo sob nossos cuidados. Porque a arte é assim, cruel com quem mais a traduz. Seja desenhista, como o Deni, publicitário, como o Alessandro, pintor como Seu Sergio.

A sociedade impõe rigidos padrões de comportamentos e quem traz atributos acima da média é pouco reconhecido em um terreno onde floresce a discriminação.

A família quer que seus diferenciados entrem na fila e se inscrevam no Enem. E muitos gostariam de fazer teatro.

Os vizinhos não suportam os acordes do saxofone, embora até uma britadeira passe despercebida. Imaginem os que sofrem por trocarem os ofícios de fato pelo artesanato?

Se sentam na praça a observar o mundo, que seja por segundos, por não seguir o fluxo da irreflexão, é doido. Ler um poema em voz alta no terminal rodoviário, na Grécia seria um pensador. Como Sócrates.

Hoje, se ousarem citar Platão, chamam a guarda para recolher um cara que pirou de vez.

Esse, amigos, é o local em que trabalho. O Caps. Centro de apoio psicossocial. Onde os que pensam que vão acolher problemas alheios, como eu, a Thaina e tantos outros, acabamos descobrindo soluções para os nossos.

E como eles são pequenos diante da solidão em que são aprisionados os diferentes.

É tanta forma de arte reunidas que você, depois de lidar com cada uma das suas potencialidades, descobre que você é o acolhido.

Por lá, aprendemos, não há limites para a sensibilidade, a criação e a emoção. De coração, agradecemos a cada um as lições recebidas. Elas são fortes. E definitivas.

Feliz Natal, amigos.

Por José Roberto Padilha


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