O cérebro estava morto? Mas o coraçãozinho batia!

Num recorte do jornal O DIA, datado de 30 de novembro de 2016, à página 3, que guardei por algum tempo, estava escrito:

“Interromper a gravidez no primeiro trimestre de gestação, não é punível.” A maioria da turma do STF acompanhou o voto do ministro Luís Roberto Barroso.

Se no momento primeiro da concepção o ser humano já existe, por obra e graça de Deus – que diferença faz uma semana, doze semanas, nove meses?

O crime, o assassinato é o mesmo, em qualquer tempo. O ser humano já está gravado na palma da mão do Autor da vida, para todo o sempre.

Se idealizado e criado à Sua imagem e semelhança, eu creio: apenas um, um só ser humano, vale mais que todo o universo criado!

Frei Hans Stapel, sacerdote idealizador e responsável pelas Fazendas da Esperança espalhadas por todos os continentes do mundo, destinadas ao acolhimento e recuperação de pessoas que se envolveram com drogas, numa santa Missa que celebrou, dias atrás, na Fazenda da Esperança de Guaratinguetá/SP, em sua homilia falou-nos sobre o aborto.

Ao final, perguntou-nos: “O que seria dos milhares de pobres, abandonados, moribundos caídos nas ruas e sarjetas da Índia – se a mãe de Santa Madre Teresa de Calcultá tivesse interrompido a gravidez e expulsado essa santa mulher de seu ventre? Quem teria tido o cuidado, com os milhares de pobres, doentes e abandonados que Santa Dulce dos Pobres, aqui mesmo em nosso país, na Bahia, teve até o fim de sua vida – se sua mãe também tivesse interrompido a gravidez e “se livrado” dela?”

Em seu discurso de 11 de dezembro de 1979, quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz, a pequenina grande santa Madre Tereza de Calcultá assim falou para o mundo inteiro:

“Sinto que o maior destruidor da paz, hoje, é o aborto provocado. Porque é uma morte direta, sem defesa, um assassinato pela própria mãe. Se uma mãe é capaz de matar o seu filho, sua própria filha, o que ainda falta para eu matar você, ou você me matar? Não falta nada!”

Passei, eu própria, por dois abortos espontâneos, que muito me entristeceram. Um em 1970 e outro em 1974. Ambos, aos dois meses de gestação.

Sou mãe de quatro filhos e não de apenas dois. Trago-os em meu coração, em meus pensamentos, em minhas orações.

Pensar com amor e esperança nessas duas crianças, geradas em meu ventre, alegra-me, faz-me um grande bem.

Braim, meu saudoso esposo, com certeza já as conhece desde o dia 16 de fevereiro deste ano. Estando eu já na 81ª primavera da vida, pouco tempo falta para que também eu as conheça e, em Deus, também me alegre.

Os milhões e milhões de mães que, por um motivo ou outro, se “desfizeram” de seus embriões, de seus filhos, também se encontrarão com suas crianças.

Segundo o monge e escritor Anselm Grün, em seu livro Morte, a experiência da vida em plenitude, “todo ser humano, na morte, encontrará Deus e a si mesmo em verdade plena. E verá a face humana de Deus em Jesus Cristo. Sendo Deus um Pai misericordioso, caberá a nós nos transformarmos em nosso próprio juiz, ao sermos confrontados com a realidade de nossa vida. E esse encontro poderá ser o mais doloroso com nós mesmos”.

Recordo-me, agora, do testemunho de uma jovem mãe que, durante sua gravidez, soube que a menina que esperava, resguardada com carinho em seu ventre, era anencéfala. Mas ela decidiu esperar o tempo necessário para o nascimento de sua filha.

Queria muito conhecê-la aqui fora, tocar seu corpinho, admirá-la com seu olhar materno, amá-la com todas as forças de seu coração. E passado o tempo certo, Marcela de Jesus, sua menina, nasceu.

E viveu um ano, oito meses e doze dias. O cérebro estava morto? Mas o coraçãozinho batia! E bateu até chegar o seu momento de parar de bater.

Por Izabel Daud

*Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do Entre-Rios Jornal*

Comentar

Postagem Anterior Próxima Postagem