Setembro Amarelo – A luta pela vida – Parte I

O ser humano figura entre as espécies mais complexas e maravilhosas de toda a existência, no entanto, toda essa infinidade de complexidades por vezes cobra um alto preço.

A mente humana é um universo em expansão extremamente singular e percorre caminhos peculiares, alguns deles saudáveis, outros não, como são os da tristeza, descontrole emocional e comportamental, depressão, etc.

A Organização Mundial da Saúde (OMS),define saúde como sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, não contemplando somente as ausências de afecções e enfermidades”.

A OMS tem ampliado a sua visão para fatores importantes, como para o “Biopsicossocioespiritual” entendendo que são significativos os benefícios de fatores como a fé, na vida dos indivíduos.

O lado positivo da mente humana é que somos capazes de nos reavaliarmos e nos aperfeiçoarmos fazendo uso de determinadas práticas, destacando-se a resiliência.

O lado negativo é que algumas pessoas criam ou se afundam nas mais variadas esferas das adversidades por uma gigantesca variedade de fatores.

Para muitos, falar sobre anomalias como o suicídio é algo visto como infrutífero, semelhante a chover no molhado, sendo o tema refletido e/ou avaliado de forma superficial por não doer no próprio calo, mas, para outros, é motivo de atenção, preocupação, compaixão, empatia, prestatividade e amor ao próximo.

Falar sobre o assunto “suicídio” não o estimula como muitos pensam e receiam, pelo contrário, pode vir a salvar vidas.

A comunicação e o diálogo, em especial o diálogo socrático, que se destaca pelos questionamentos em busca de maiores conhecimentos e de causas na raiz, são estandartes valiosos que nos diferencia dos demais animais e nos traz maior racionalidade quando realizados com bom senso, bom senso alicerçado na ética, ética que bebe nas fontes da sabedoria.

A cada ano milhares e milhares de pessoas tiram a própria vida pelos mais variados motivos, sendo que na maior parte dos casos o acontecido poderia ser evitado.

No decorrer da história milhões e milhões traçaram esse caminho sombrio e doloroso, para os que partiram e para os que ficaram.

Vale ressaltar que a vida é um milagre universal que transcende as barreiras dos adjetivos, a vida é simplesmente imensurável, possui valor e não tem preço.

Uma das fortes bandeiras na luta contra o suicídio é o “Movimento Setembro Amarelo”. No ano de 1994, um jovem americano de apenas 17 anos, chamado Mike Emme, tirou a própria vida dirigindo o seu carro amarelo.

Os pais e familiares de Mike deram início a uma campanha de prevenção do suicídio distribuindo “fitas amarelas” e falando sobre o assunto.

Não é falta de Deus como muitos costumam falar, apesar de fatores como a fé contribuírem de forma relevante para uma vida mais saudável e equilibrada, não se trata de frescura, mimo, drama ou intuito de querer chamar a atenção, se trata da demonstração de um pedido de ajuda, de um alerta vermelho, um SOS na praia de alguém que vem sofrendo e que precisa de uma boia no alto mar da vida, de um kit de primeiros socorros, de desenvolvimento pessoal, por vezes, de medicamentos por determinado tempo, acompanhamento profissional, compreensão social, e claro, de mãos amigas estendidas.

As mais variadas anomalias mentais e sentimentais não escolhem gênero, classe social, credo, cor da pele, escolha política, profissão, ou etnias, pois acontece no ser humano, que é singular e semelhante. 

Todos somos iguais, mas peculiares, cada qual com um universo próprio que se encontra em pleno processo de expansão. Mostra-se inteligente e saudável ao invés de destilar preconceito, espalhar mais amor ao próximo.

Quanto mais afeto e efetividade empática, maiores serão os índices de vivenciamento do real sentido da palavra “humanidade”, palavra que nos proporciona mais dignidade com toda a sua infinidade de bondades.

Algo que chama muito a atenção, são pessoas buscando cada vez mais, banhar-se nos lagos rasos e profundos dos paraísos artificiais de vidas superficiais, algo que influencia todo o contexto social, que em muitas vezes acaba por sobreviver ao invés de viver, buscando coisas e objetivos rasos, criando expectativas construídas para serem rapidamente demolidas em prol de novas tendências.

Uma das maiores causas de adoecimento mental é o fato de não sabermos lidar com determinadas realidades reprimidas, com as expectativas e com determinadas posturas competitivas destrutivas.

Lembrando sempre que cobiçar algo positivo pode nos tornar melhores, no entanto, invejar e se intoxicar pode acabar por nos inundar de toxinas radioativas.

Algumas pessoas adoecem e acabam por se minarem e procurarem minar os outros por confundirem o “processo de melhoria contínua” com “analfabetismo existencial”, determinadas pessoas leem, veem, mas não conseguem compreender, não conseguem enxergar o que tem de melhor para oferecer.

Buscar ser uma melhor versão de si mesmo, não envolve necessariamente buscarmos ser melhores que os outros, para acabarmos nos banhando nas águas dos “cenários competitivos destrutivos, mas para sermos uma versão mais aprimorada de nós mesmos, uma versão menos envenenada, para que possamos contribuir com o todo, nos tornando pessoas melhores para os outros”.

Digo isso porque vivemos em um mundo contemporâneo muito globalizado e cada dia mais dinâmico e competitivo, e isso não é algo negativo se visto de forma abrangente, tudo isso pode nos levar a patamares maiores, desde que, compreendamos as raízes do equilíbrio com sabedoria e “ética”, que envolve bom senso e respeito”... 

ambém digo isso porque a falta de ética e de equilíbrio são grandes motivos para o adoecimento mental que pode findar em suicídio.

O nosso ponto de vista sobre determinada pessoa ou assunto pode não influir e representar o que de fato ela e/ou o assunto são, pode acabar por influenciar apenas no que nós percebemos e entendemos sobre o indivíduo e/ou assunto, pois, existe uma grande diferença entre ver e enxergar alguém ou determinado contexto. Costumo dizer que: “mais importante do que ver é conseguir enxergar”.

Vale lembrar que também somos capazes de induzir e de sermos partícipes efetivos nos variados contextos se formos pensar de forma mais abrangente, e que isso envolve uma série de responsabilidades, quanto maior o conhecimento, maiores os pesos a serem carregados na caminhada da vida e menores os fardos. Vivemos neste peculiar paradoxo.

Nos caminhos existem pássaros e dragões, ambos possuem histórias e arranhões, tropeços e acertos, asas e lições, entretanto, escolhem voar de forma diferente.

Os pássaros voam leves e cantam em pleno ar, já os dragões, voam pesados incendiando com as chamas que saem do âmago dos corações inflamados.

Cabe a cada um escolher quais caminhos trilhar, se irá escolher afundar como uma pedra em alto mar, ou flutuar como uma embarcação a velejar.

Vale lembrar que “apenas o homem pode tornar-se o canibal de si mesmo”, que “o segredo de observar os milagres consiste em contemplar os detalhes”, que “se a vida é breve, não compensa não ser leve”, e sobretudo, que: “após a noite sombria existe a luz de um novo dia”. Se viver é costurar um texto, costure bem a sua história. Nos encontramos no próximo artigo! Até lá!...

Seja forte e corajoso. Não se apavore nem desanime.
Por Jhean Garcia
Imagem: Reprodução / Desenho Miguel Garcia

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