Caminhos para a Paz – Parte X


Não é a primeira vez que digo que nascemos nus e que nos vestimos de informações, entretanto, como tudo na vida, existem prós e contras.

Saber o que é a vida de fato se torna algo muito complexo e simples ao mesmo tempo, para muitos se torna a busca pelas raízes da criação do universo e da figura humana, para outros o nascimento de um filho, de um amor, de uma flor...

Alguns dirão que tudo tende a se distanciar, o universo, os filhos, alguns amores e as folhas que irão secar e murchar, mas enquanto existir vida e fé na vida ela permanecerá dentro e fora de cada um de nós.

Existem certos tipos de paz que contradizem a verdadeira essência da paz, ao meu ver a euforia é uma falsa alegria que veste as máscaras das falsas pazes.

Existem diversos exemplos de pazes artificiais e superficiais, mas as que são construídas em alicerces firmes se mantêm fortes diante das intempéries da vida.

A figura humana tem seus altos e baixos, acertos e tropeços, alegrias e tristezas, algumas certezas e um mar de incertezas. A mente é uma faca afiada capaz de cortar na direção correta ou oposta, em suma, tudo depende da destreza e dos manuseios.

Uma mente aberta, de boa fé, honesta, decidida, incisiva, motivada, corajosa, empoderada, alimenta-se para quebrar ciclos e romper grilhões em busca da verdadeira paz que traz consigo liberdades imensuráveis.

Todo pão foi outrora trigo antes de servir de alimento, toda boa versão possui seus arranhões, cicatrizes e queimaduras ocasionadas pelos dragões da vida, mas apenas os pássaros podem voar leves e sem chamas incendiárias capazes de ocasionar transtornos e destruições. A vida é uma folha repleta de escolhas, cabe a cada um escolher o que deseja se tornar e doar.

Viver envolver todo um processo de gestação, depois aprendemos a engatinhar, a dar pequenos passos desalinhados, até que um dia aprendemos a caminhar sozinhos.

Cortar etapas e procurar correr sem antes aprender com os passos anteriores se assemelha a falar sem antes aprender a silenciar.

A vida é repleta de escolhas, andanças e de mudanças. Não sabemos o dia de amanhã, nem quando, nem onde nossos galhos poderão quebrar e nossas árvores poderão cair, entretanto, com força e fé nunca deixaremos de nos reerguer e ficar de pé se tivermos raízes fortes.

Para aprendermos a lidar com o muito que jamais será o tudo precisamos aprender primeiro a lidar com o pouco a pouco, com o passo a passo, mesmo que venham os descompassos, desânimos e cansaços da caminhada, pois fazem parte dos caminhos da vida e das vitórias.

A paz é algo que envolve muitos cenários, um cão ferido não tem paz e se torna mais arisco, mas com o passar do tempo e com os devidos cuidados internos e externos ele pode começar a se libertar de seus próprios grilhões e de seus próprios infernos, outrora vistos como fontes de castelos com tendências a ruir.

O mundo antigo e o contemporâneo sempre se deixaram levar por posses, bens, títulos e riquezas, não que buscar dignidade e prosperidade seja algo negativo, que seja algo corrosivo, mas quando partimos essas coisas ficam e também os legados...

Quais legados você tem procurado deixar? Legados nutritivos ou corrosivos e oxidados? A maior pobreza não é a de fora, é óbvio que algo como a fome e a miséria são problemas históricos sociais políticos que precisam ser trabalhados, mas a maior pobreza de todas é a de dentro, muitos não se dão conta que todos retornaremos ao pó um dia.

O mundo cada dia mais conectado e superficial tem lançado suas redes que trazem consigo seus paraísos artificiais, mas isso é incapaz de trazer a verdadeira paz.

Para encontrar-se com a paz é preciso aprender que existem noites e dias, trevas e Sol,flores e espinhos, doce e sal.

Para encontrar-se com a paz é preciso ceifar raízes duras, por mais que isso se torne algo trabalhoso. É preciso aprender a dizer sim e não.

Para encontrar-se com a paz é preciso sair do quarto, isso envolve abrir portas e janelas para deixar a luz entrar, após esse valoroso passo para quem busca a luz da caminhada se faz necessário sair de fato para o caminhar.

A paz envolve abrir a porta que transborda de dentro para fora, focar no agora e não se deixar ser dominado pelos próprios pensamentos e emoções, isso também vale para certos pensamentos e emoções alheias.

As grades da mediocridade duelam com a serenidade, humildade e com o que se pode chamar de verdadeira felicidade, através da observação e da absorção do que é produtivo através dos melhores filtros. Um filtro ruim não irá servir de boa utilidade.

Um dos maiores passos em busca da caminhada da sabedoria ao meu ver é compreender que existem coisas que podemos e que não podemos controlar e modificar, que precisamos buscar forças para alterar as que podemos alterar e saber a diferença entre esses polos fundamentais.

A mente e o coração são rios que deságuam no mar que possui seus ciclos, suas correntezas, maresias e tempestades.

Cabe a cada um escolher domar a embarcação ou simplesmente se deixar levar e se tornar o náufrago de si mesmo. Costumo dizer que apenas o homem pode tornar-se o canibal de si mesmo.

Para obter a paz é preciso desejar a paz e trabalhar em prol dela, alinhá-la as paciências e resiliências.

O desejar é um grande passo, mas sem ações eficazes alicerçadas nos pilares do equilíbrio a tendência é ruir, se minar, minar e cair no descompasso do fracasso, entretanto, enquanto existir a flor da esperança e o riso de uma criança existirá a oportunidade de mudança, que depende de cada escolha escrita na folha da vida, vida que escolhemos levar e deixar.

Se viver é costurar um texto, costure bem a sua história.

Seja forte e corajoso. Não se apavore nem desanime.

Por Jhean Garcia
Imagem: Michel Kwan – Pixabay

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