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| Bloco da Barão em 2009 com a imagem de Iemanjá sobre um barco com flores à Rainha do Mar |
Redação
Um dos mais tradicionais símbolos do réveillon trirriense, o Bloco Unidos da Barão, popularmente conhecido como Bloco da Barão, chega ao seu 49º desfile consecutivo, reafirmando sua importância histórica, cultural e afetiva no calendário carnavalesco de Três Rios (RJ). Fundado na Rua Barão de Entre-Rios, no Centro da cidade, o nome do bloco é uma homenagem direta ao local onde nasceu e construiu sua identidade.
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| Origem do bloco está ligada a José Roberto de Arruda Padilha e Janet Lopes Padilha, pais de Zé Roberto Padilha |
Como toda agremiação de raiz, o Bloco da Barão tem um berço bem definido. Sua origem está ligada ao casal José Roberto de Arruda Padilha e Janet Lopes Padilha, pais de José Roberto Lopes Padilha (Zé Roberto Padilha). Muito queridos na sociedade trirriense, José Roberto era presidente de honra do Bom das Bocas, enquanto Janet presidia a sede do bloco, localizada na Rua Barão de Entre-Rios, nº 206, ponto de referência da agremiação.
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| Boneco usado em 1981, confeccionado pelo carnavalesco Wanderley Rodrigues |
Em 1981, um dos símbolos mais marcantes do bloco ganhou vida: o boneco gigante do Barão, criado e confeccionado pelo carnavalesco e artista multifacetado Wanderley Rodrigues, um dos grandes nomes da escola de samba Bom das Bocas.
Atualmente sob a liderança de Zé Roberto Padilha, ex-jogador de futebol, escritor e jornalista, o Bloco da Barão mantém a tradição de abrir oficialmente o carnaval trirriense, sempre com muito samba e participação popular. Neste ano, o desfile contará com a Bateria Puro Ritmo, da atual campeã do carnaval da cidade, a escola de samba Bambas do Ritmo, do bairro Cantagalo, sob o comando do Mestre Silvestre.
Homenagem aos “Dois Tenores”
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| Os homenageados ganharam caricaturas no abadá oficial |
Nos primórdios do carnaval, os intérpretes eram conhecidos como “puxadores de samba”. A mudança da nomenclatura veio após uma observação do saudoso Jamelão, histórico intérprete da Mangueira, que rejeitava o termo por sua conotação pejorativa.
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| Julinho (à esq.), um dos homenageados esse ano, canta no desfile do bloco |
“Puxadores ou intérpretes, pouco importa. O que vale é o nosso agradecimento a quem nos ajudou a colocar nosso bloco na avenida. Ambos se revezaram nessa missão e suas vozes ecoaram bem longe”, destaca Zé Roberto.
Programação de fim de ano

A programação oficial do bloco já foi divulgada:
28/12, às 14h – Festival de Prêmios, no Entrerriense FC
30/12, às 21h – Tradicional Ensaio Geral, próximo à quadra de areia da Avenida Alberto Lavinas (Beira-Rio)
31/12 – Concentração a partir das 21h, com saída logo após a queima de fogos da virada do ano, às 0h25
Histórico de homenagens
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| Saudoso empresário Josemo Corrêa de Mello, homenageado pelo Barão, ao lado do presidente do bloco |
Ao longo de sua trajetória, o Bloco da Barão se notabilizou por prestar homenagens a personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da cidade e para o fortalecimento da cultura popular. Entre os nomes já homenageados estão os empresários Josemo Corrêa de Mello (Grupo Mil, patrocinador oficial do bloco) e Carlo Sola; o produtor cultural e entusiasta do bloco Joel São Tiago; figuras da imprensa como a saudosa colunista Maria José Dottori Maciel (Marocas) e o radialista e colunista Lourival Sodré France (Vauzinho); além do sambista trirriense e ex-presidente do Bom das Bocas, Nemésio Gomes.
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| Joel São Tiago, que morreu em junho desse ano, desfilou em homenagem à colunista Marocas |

Figura querida do bloco, Mentirinha (foto) também é lembrado com carinho. Todos os anos, ele ajuda a conduzir o carro alegórico que leva a imagem de Iemanjá, orixá reverenciada na passagem de ano.
“Somos filhos do mar, filhos da festa, filhos da alegria. Com respeito e devoção, levamos sua energia pelas ruas, espalhando amor, música e boas vibrações. Salve Iemanjá!”, ressalta Zé Roberto.
O bloco também já teve como destaques mulheres representando Iemanjá, entre elas Angélica Lobo, filha do saudoso jornalista e radialista Valfride Lobo.
Reconhecimentos e momentos marcantes
Entre as homenagens temáticas, o bloco destacou o enredo “Salvem os Jorges”, reverenciando Jorge Costa (Jorge Camburão), falecido neste ano, e Jorge da Cruz Sodré (Jorginho Espanta), falecido em 2018. O intérprete Reginaldo do Salgueiro, que integrou o microfone oficial de escola de samba do Rio e residiu em Três Rios, também foi homenageado, inclusive com um samba em sua memória. A comerciante Leninha, da tradicional loja A Imperatriz, e o cinquentenário da Flora Boa Esperança também receberam honrarias.
Em agosto de 2025, o Bloco da Barão foi oficialmente reconhecido como utilidade pública, por meio da Lei Municipal nº 5.310, de autoria do vereador Professor Erquinho, sancionada pelo prefeito Jonas Dico e aprovada por unanimidade pela Câmara. Em tom bem-humorado, Zé Roberto comentou nas redes sociais: “O reconhecimento tarda, mas não falha”. No mês seguinte, ele recebeu uma Moção de Aplausos no plenário do Legislativo.

Durante a pandemia da covid-19, mesmo impossibilitado de desfilar, o bloco se manteve ativo por meio de lives na internet, preservando o vínculo com seus foliões.
Memória e emoção
Entre os episódios mais marcantes lembrados por Zé Roberto está um desfile em que o bloco perdeu uma roda do carro alegórico logo na largada. Para que Iemanjá não deixasse de conduzir o cortejo, Sargento Bento, Glauco Auad, Élber e Mentirinha carregaram a imagem nos braços por todo o percurso.
“Cenas como essa nos motivam a seguir em frente. Nunca deixar de colocar nosso bloco na rua. Há algo mais entre a Rainha das Águas e uma cidade com três rios do que imagina a nossa vã filosofia”, reflete o presidente.

O abadá oficial deste ano foi lançado no Bar Benguelê, do ex-presidente do Bambas do Ritmo, Dirceu Duarte, no último domingo (14). Nesta quarta-feira (24), na Praça São Sebastião, entre 10h30 às 14h, estarão sendo vendidos os abadás do bloco que podem ser adquiridos com o presidente Zé Roberto.

Com quase meio século de história, o Bloco Unidos da Barão segue como patrimônio afetivo do réveillon trirriense, unindo tradição, fé, samba e memória coletiva pelas ruas da cidade.









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