Redação
A presença de mulheres da região Centro-Sul fluminense ganhou destaque entre as cerca de 300 mil participantes que ocuparam Brasília na 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver, realizada no dia 25. Integrantes de municípios como Três Rios, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul, Sapucaia e Areal viajaram em caravana para somar suas vozes ao ato histórico que reuniu representantes de todas as regiões do país.
As mulheres Aparecida Francisco de Almeida (Levy Gasparian), Letícia Steves e Lívia Souza (Três Rios), Caroline Dias, Regiane Carvalho Leal, Ana Eliza (Paraíba do Sul), Danielle Gomes Bastos (Sapucaia) e Crislane (Areal) estiveram entre as participantes que caminharam pela Esplanada dos Ministérios defendendo o fim da violência, a garantia de direitos e a ampliação da presença de mulheres negras em espaços de poder.
“Não estamos sozinhas”
Para a comunicadora e professora Mariah de Almeida, de Comendador Levy Gasparian, a marcha representou um encontro marcado pela força coletiva.
“Foi maravilhoso ter participado da segunda marcha. Foi um momento histórico. Foi sabermos que nós não estamos sozinhas e que lutamos juntas por reparação e bem-viver”, disse. Ela destacou ainda a organização da caravana e a energia contagiante do evento. “Tudo foi pensado e voltado para nós, mulheres. Foi muito bom participar com tanta alegria e entusiasmo desse marco na história da nossa luta.”
Feminismo negro e direitos humanos
A psicóloga e militante Lívia Souza, de Três Rios, reforçou que o ato fortaleceu sua trajetória pessoal e política.
“Ter participado desse evento histórico foi um marco na minha história como mulher negra, feminista, militante. Foi perceber que jamais sucumbiremos, porque tivemos quem lutasse por nós antes, temos agora e continuaremos tendo”, afirmou. Para ela, a luta por direitos humanos deve garantir não apenas sobrevivência, mas vida plena: “Seguiremos na luta.”
Vozes que não aceitam o silêncio
Também de Três Rios, Letícia Steves destacou que marchar ao lado de tantas mulheres negras simbolizou resistência e futuro.
“Foi um ato de afirmação, de resistência. Caminhei ao lado de mulheres que carregam no corpo e na voz a força de ancestrais que nunca aceitaram o silêncio”, relatou. Para Letícia, a marcha reforça que a pauta é clara: “Lutamos por vida digna, por justiça racial, pelo direito de existir sem violência e por um Brasil que nos enxergue como protagonistas. Somos movimento, políticas e transformação.”
Região integrada a uma luta nacional
A participação expressiva de mulheres da região se somou ao coro nacional que reivindicou reparação histórica, combate ao racismo estrutural e políticas públicas que garantam participação efetiva de mulheres negras em espaços de decisão. Para muitas delas, estar em Brasília significou reafirmar uma trajetória coletiva que é, ao mesmo tempo, local e nacional — uma luta que nasce nos territórios, cresce nas comunidades e ecoa em atos como a marcha.
No retorno aos seus municípios, o compromisso permanece: fortalecer redes, ampliar debates, ocupar espaços e manter viva a construção de um Brasil onde mulheres negras tenham seus direitos garantidos e suas vidas respeitadas.





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