Leão XIV e os movimentos populares – II



Continuamos compartilhando o apoio do Papa Leão XIV aos Movimentos Populares. Em sua mensagem lembrou sua vivência como bispo no Peru, afirmando que experimentou “uma Igreja que acompanha as pessoas em suas dores, alegrias, lutas e esperanças”.Isso é um antídoto contra uma indiferença estrutural que se está espalhando e que não leva a sério o drama dos povos despojados, roubados, saqueados e condenados à pobreza. Muitas vezes nos sentimos impotentes diante de tudo isso, mas a essa que chamei de “globalização da impotência” devemos começar a opor uma “cultura da reconciliação e do compromisso”. Os movimentos populares preenchem esse vazio gerado pela falta de amor com o grande milagre da solidariedade, baseada no cuidado do próximo e na reconciliação.

De acordo com o Papa, “a discussão habitual sobre ‘coisas novas’ — com seus potenciais e perigos — ignora o que acontece na periferia”. Segundo ele, ‘há pouca consciência do centro sobre os problemas que afetam os excluídos e, quando elas são abordadas em discussões políticas e econômicas, parece «uma questão acrescentada quase por dever ou de modo tangencial, quando não simplesmente tratada como um dano colateral». De fato, no final das contas, eles frequentemente permanecem no fim da lista de prioridades. Pelo contrário, os pobres estão no centro do Evangelho. Portanto, as comunidades marginalizadas devem se envolver num esforço coletivo e solidário que vise reverter a tendência desumanizadora das injustiças sociais e promover o desenvolvimento humano integral”.

Na segunda parte Leão XIV ressaltou que o compromisso dos Movimentos Populares “é ainda mais necessário num mundo que, como sabemos, está cada vez mais globalizado. Como afirmou Bento XVI, «os processos de globalização, se forem devidamente compreendidos e direcionados, abrem possibilidades sem precedentes para a redistribuição em larga escala da riqueza em todo o mundo; mas, se mal direcionados, podem levar ao aumento da pobreza e da desigualdade e podem até mesmo desencadear uma crise global»”.

“Isso significa que os dinamismos do progresso devem ser sempre gerenciados por meio de uma ética da responsabilidade, superando o risco da idolatria do lucro e colocando sempre o homem e seu desenvolvimento integral no centro. O ‘humano’ está no centro da visão de Santo Agostinho de uma ética da responsabilidade. Ele nos ensina como a responsabilidade, especialmente para com os pobres e aqueles que têm necessidades materiais, nasce do ser humano com seus semelhantes e, portanto, do reconhecimento de nossa ‘humanidade comum'”, destacou.

A criatividade com que Deus dotou os seres humanos e que gerou grandes progressos em muitos campos ainda não conseguiu enfrentar da melhor forma os desafios da pobreza e, por isso, não conseguiu inverter a tendência da dramática exclusão de milhões de pessoas que permanecem à margem. Este é um ponto central no debate sobre as ‘coisas novas’.Leão XIV ressaltou que “hoje a exclusão é a nova face da injustiça social. A distância entre uma “pequena minoria” — 1% da população — e a vasta maioria aumentou drasticamente”. Esta exclusão é uma ‘novidade’ que o Papa Francisco denunciou como uma ‘cultura do descarte'”.

Quando falamos de exclusão, também nos deparamos com um paradoxo. A falta de terra, comida, moradia e trabalho digno coexiste com o acesso às novas tecnologias que se espalham por toda parte através dos mercados globalizados. Os celulares, as redes sociais e até mesmo a inteligência artificial estão ao alcance de milhões de pessoas, incluindo os pobres. No entanto, embora cada vez mais pessoas tenham acesso à Internet, as necessidades básicas continuam sem ser atendidas.

Medoro, irmão menor-padre pecador



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