
Casarão quando funcionou uma agência bancária
Redação
Três Rios se despede de um de seus mais marcantes símbolos arquitetônicos. O casarão erguido no início da década de 1950 pelo comerciante atacadista Basileu Rodrigues, na Rua Presidente Vargas, começou a ser demolido após a saída da agência do Banco Bradesco que ocupava o imóvel desde os anos 1980. A decisão gerou forte comoção entre moradores e reabriu a discussão sobre a fragilidade das políticas de preservação do patrimônio cultural no município.
O imóvel, conhecido pela elegância de sua arquitetura e pela relevância histórica para a cidade, já havia escapado de uma demolição anterior. Na época em que o Bradesco adquiriu o prédio, arquitetos japoneses enviados pela instituição chegaram a cogitar sua derrubada para dar lugar a um novo edifício. A mobilização do então Conselho Municipal de Cultura foi decisiva para sensibilizar os técnicos e garantir a preservação do casarão, que por décadas seguiu integrando a paisagem do centro trirriense.
Desta vez, porém, a ausência de regulamentação das leis de proteção ao patrimônio impossibilitou uma nova intervenção. Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (19), o Conselho Municipal de Política Cultural, por meio da Comissão de Patrimônio Cultural, informou que, diante da posição do proprietário pela impossibilidade de preservação, foi firmado um acordo de compensação.
Segundo o documento, o novo empreendimento que será construído no local abrigará um memorial dedicado ao casarão, reunindo fotos, plantas e registros históricos. Além disso, o proprietário se comprometeu a restaurar as janelas do andar superior da Casa de Cultura e Museu da Cidade e a realizar a pintura de suas esquadrias, contribuindo diretamente para a conservação desse espaço cultural.
O Conselho destacou ainda que trabalha para evitar que situações semelhantes se repitam. Entre as medidas em andamento estão a elaboração de inventários, tombamentos, capacitação de equipes técnicas e articulação com o Executivo e Legislativo para fortalecer as leis de proteção ao patrimônio.
Apesar das compensações previstas, a demolição do casarão representa uma perda irreparável para a memória arquitetônica da cidade. “Uma cidade que valoriza e protege seu patrimônio cultural fortalece sua identidade, reforça o sentimento de pertencimento da população e constrói bases seguras para as próximas gerações”, ressalta a nota assinada pela Comissão.
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