Governo brasileiro acusa Washington de violar regras comerciais internacionais e busca solução negociada na Organização Mundial do Comércio

Redação
O governo brasileiro deu início, nesta semana, a um processo formal contra os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), em resposta às tarifas impostas por Washington sobre produtos exportados pelo Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, as medidas norte-americanas violam diretamente compromissos assumidos pelos EUA no âmbito da OMC.
“Ao impor as citadas medidas, os EUA violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização”, declarou o Itamaraty, em nota oficial.
O documento enviado à entidade internacional corresponde a um pedido de consultas formais com os Estados Unidos — primeira etapa do sistema de solução de controvérsias da OMC, que visa a buscar uma solução negociada entre as partes antes da eventual formação de um painel arbitral. A expectativa do governo brasileiro é que as consultas, cuja data e local ainda serão definidos, levem a um desfecho pacífico para o impasse.
A medida brasileira surge após o anúncio do ex-presidente norte-americano Donald Trump, no mês passado, de um aumento de até 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, em retaliação às investigações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de participar de uma tentativa de golpe de Estado. O gesto, considerado político e sem respaldo técnico por especialistas em comércio internacional, afetou diretamente a competitividade de diversos produtos nacionais no mercado norte-americano.
Em declarações recentes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descartou buscar um contato direto com Trump neste momento, argumentando que o cenário não é favorável a uma reaproximação.
“Pode ter certeza de uma coisa: o dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, afirmou Lula, em entrevista ao portal GloboNews.
O presidente também sinalizou que o Brasil está disposto a dialogar, mas não aceitará imposições unilaterais ou desrespeito às regras multilaterais: “O Brasil respeita os mecanismos internacionais e quer resolver isso com seriedade. Não vamos aceitar medidas arbitrárias que prejudiquem nossa economia”, disse.
A disputa acontece em um momento delicado das relações comerciais entre os dois países e pode escalar caso as consultas na OMC não avancem para uma solução consensual. Com informações da Agência Brasil e GloboNews
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