Além das fantasias da atriz em dois anos, ele atuou na confecção de 13 fantasias de mestres-salas e porta bandeiras, entre outros trabalhos
Redação
O trirriense João Vitor Porto Barbosa, desde criança se via envolvido no universo da moda. Sua mãe, Patrícia Barbosa, era costureira em um humilde ateliê no Morro do Ataulfo, em Três Rios, onde ainda mora, e ele se dedicava à casa, onde também costurava, e ao irmão Pedro Paulo, já falecido, acometido por um distúrbio genético raro denominado síndrome de fraser.
O jovem começou no carnaval trirriense com o carnavalesco Gilber Rosa, no barracão do Bambas, até começar a fazer fantasias por sua conta, na casa dos pais. “Eu sempre olhava para fora, pensando mais alto, até porque aqui em Três Rios, infelizmente a cultura das escolas de samba não tem a mesma valorização de outras capitais”, lembra.
Hoje, com 26 anos, morando em São Paulo e já graduado como designer de moda, João Vitor teve um de seus trabalhos vistos por milhares de pessoas na Marquês de Sapucaí e pela televisão durante o desfile da vice-campeã do Grupo Especial carioca, a Acadêmicos do Grande Rio, de Duque de Caxias.
“Muito engraçado falar sobre o começo, porque tudo começou quando eu era criança assistindo os desfiles pela TV. Sempre foi um sonho meu trabalhar com Bruno Oliveira e poder estar no meio disso tudo, com pessoas que eu jamais pude imaginar que usariam alguma coisa feita pelas minhas mãos”, revela.
João Vitor conta ainda que quando conversou o Bruno [dono do ateliê], ele não pensou duas vezes, largou tudo e foi para São Paulo. “Aprendi e aprendo demais lá! Costumo dizer que o Atelier Bruno Oliveira é como o Instituto Xavier dos X-Man, são várias pessoas dotadas de super poderes e habilidades diferentes comandadas por um careca que tira o melhor de cada um”, comenta.
Mas, quem pensa que o trabalho ficou só em uma fantasia, se engana. Ela trabalhou na confecção das fantasias da apresentadora Sabrina Sato para o Baile da Vogue, Juju Salimeni rainha do Barroca Zona Sul, Mileide Mihaile para o ensaio técnico da Grande Rio, entre outras rainhas do carnaval como Madu Fraga do Vai Vai, Aline Oliveira da Mocidade Alegre, Theba Pityla da Império de Casa Verde, Pamela Gomes e Andréia Gomes da Tom Maior, Sávia David musa da Beija-Flor e a rainha campeã de São Paulo Ana Beatriz, além de outras personalidades do carnaval, como Cátia Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense e sua filha que foi destaque no carro abre-alas desse ano. “Isso sem contar os 13 casais de mestre sala e porta bandeira que tive o prazer participar do processo de confecção”, comenta orgulhoso pelo feito.
A bela fantasia da atriz, criada por Bruno Oliveira e toda confeccionada por João Vitor Barbosa (Reprodução: Instagram) |
A reluzente fantasia “Espelho da Lua”, criada por Bruno Oliveira para a atriz Paolla Oliveira, Rainha da Bateria Invocada, comandada por Mestre Fafá, que fez sua despedida da Passarela do Samba neste carnaval, foi toda confeccionada pelo trirriense, que acompanhou todo o processo de confecção e costura até a finalização. João Vitor destaca que só no setor de musas e rainhas, foram 23 fantasias entre Rio e São Paulo.
Mulher do cantor Diogo Nogueira, a atriz está no remake da novela Vale Tudo, da Rede Globo, que estreia dia 31 de março, onde irá interpretar a personagem Heleninha Roitman, vivida na versão anterior por Renata Sorrah.

E não para por aí: quem se encantou com a bela fantasia de onça vestida pela atriz ano passado, deve saber que João Vitor também foi o responsável pela confecção. A cabeça chamou atenção porque num dado momento ela transformava a atriz numa onça, quando a máscara abaixava e cobria seu belo rosto.
Mas não é só na costura que ele se destaca. Em escola de samba ele também toca chocalho, instrumento que o fez desfilar em Três Rios pela Mocidade Independente de Vila Isabel e no Rio pelo Salgueiro e pela Paraíso do Tuiuti.
Esse ano, quando também desfilou na bateria da Paraíso do Tuiuti, ele teve que se desdobrar porque a Grande Rio desfilava no mesmo dia. “Antes de descer pra desfilar no Tuiuti eu tive que deixar a Paolla pronta para a Grande Rio que era logo em seguida. Eu cheguei com a bateria no esquenta, muito nervoso e emocionado por estar vivendo tudo aquilo”, conta.
Em pouco tempo, o trabalho e talento do jovem trirriense vem ganhando reconhecimento pelo capricho e acabamento impecável, o colocando no seleto grupo de profissionais requisitados no meio de confecção de fantasias e alta costura.
Imagens: Reprodução
Postar um comentário