Tese de doutorado presta homenagem ao professor Ary Canelas

Juarez da Saúde, nesta quarta-feira (5/2/2025), defendeu a sua tese de doutorado, junto a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e seu orientador Professor Dr. Wiliam Machado. Aprovado, Juarez obteve o título de Doutor em Ciências. Em seus agradecimentos na sua tese, o agora doutor, fez uma homenagem ao Professor Ary Canelas Machado (in memoriam).

Gratidão à gratidão!

É isso mesmo, ser grato à gratidão. Acredito que a gratidão não seja um atributo inato ao ser humano, ao menos posso afirmar pela minha experiência de vida. Não tinha a mínima ideia sobre o que era ser grato, até que, com o passar dos anos, percebi que uma atitude do passado, me levou a descobrir que havia sido ingrato!

Narro brevemente esse passado que foi por ter abandonado uma bolsa de estudos para iniciar o ensino médio, em uma instituição de ensino privada. Creio que por falta de maturidade, à época, para conciliar estudos com o trabalho, o qual havia iniciado em uma farmácia, aos 14 anos, fazendo faxina e entregando remédios.

Com o passar dos anos, o sentimento de ingratidão foi aumentando e não conseguia encontrar pelas ruas da cidade com o diretor do Colégio Cenecista Walter Francklin, em Três Rios, sem que eu desviasse da calçada, por vergonha de ter sido tão ingrato diante daquele grandioso gesto de generosidade. Foram anos carregando esse peso nas minhas costas por essa atitude! Mais tarde, já com a minha filha frequentando uma escola, passei a ver que o diretor levava seus netos para estudarem no mesmo colégio e no mesmo horário. E lá, não diferente das outras vezes, também me desvencilhava dele evitando um encontro por não suportar a vergonha que carregava.

Às vésperas da minha colação de grau, na graduação de fisioterapia, agendada para janeiro de 2007, recebi dez convites. Num desses, fiz uma dedicatória ao diretor em questão e após deixar a minha filha no colégio, fiquei o aguardando sair, após deixar seus netos, pedi para falar com ele. Naquele momento, me apresentei e sabia que ele não lembraria de mim, pois havia se passado 20 anos, já que me encontrava no auge dos meus 34 anos de idade. Mas disse a ele que o motivo era para lhe convidar para estar presente na minha colação de grau, e que aquele gesto era para lhe pedir desculpas e reparar a minha ingratidão do passado, e que por muitos anos me senti envergonhado por aquilo. Acreditava ser, através daquele ato, a única forma de reparar o que havia feito por mim. E que, por ter me concedido uma bolsa de estudo, entendia que gostaria de me ver formado. Foi um alívio para mim e muito emocionante para o saudoso diretor senhor Ary Canelas Machado, pois a partir disso, fez-me conhecer a gratidão. Essa atitude em querer reparar a ingratidão me fez chegar até aqui. Então, gratidão eterna ao senhor professor Ary Machado (in memoriam)!

Gratidão a Deus, à minha esposa Neila, aos meus filhos Miguel e Victória, à memória dos meus pais, Francisco e Laura, aos meus irmãos Rosângela, Rosimere, Rosilene, Humberto, Manoel e Zuleide. Aos meus professores, mestres e colegas de turma, em especial, à minha amiga Amanda. À professora Sandra Mazini, que me proporcionou uma vaga para concluir o ensino médio na Escola Estadual Dr. Valmir Peçanha. Aos meus amigos, colegas e a todos que um dia nos cruzamos, em algum momento, nessa jornada chamada vida e que possam ter contribuído para que eu chegasse até aqui.

Gratidão a vocês, membros dessa banca examinadora: Às professoras Dr.ª Maria Manuela Martins, Dr.ª Fabiana Faleiros Castro, Dr.ª Nébia Maria Almeida de Figueiredo, Dr.ª Joanir Pereira Passos, Dr.ª Olga Maria Pimenta Lopes Ribeiro e Dr.ª Gisella de Carvalho Queluci.

E gratidão ao meu amigo, professor, pesquisador, orientador e querido mestre, Dr. Wiliam César Alves Machado, não seria possível senão pela sua dedicação, paciência, além dos conhecimentos de vida transferidos ao longo de tantas horas, dias, meses e anos de convivência.

Gratidão à vida!

Juarez de Souza – Doutor em Ciências