Dia da Misericórdia alerta para as violações da vida humana I

No Segundo Domingo de Páscoacelebramos o Domingo da Misericórdia. A Igreja, através do Dicastério para a Doutrina da Fé publicou o documento “Dignitas infinita”, quando celebramos os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A principal novidade deste, fruto de um trabalho que durou cinco anos, é a inclusão de alguns temas principais do recente magistério do Papa Francisco. Entre as violações da dignidade humana, ao lado do aborto, da eutanásia e da maternidade sub-rogada, aparecem a guerra, o drama da pobreza e dos migrantes, o tráfico de seres humanos. Em três capítulos oferece os fundamentos para as afirmações contidas no quarto, dedicado a “algumas graves violações da dignidade humana.

“Dignidade de cada pessoa” é o primeiro capítulo que evidencia o equívoco representado pela posição daqueles que à expressão “dignidade humana” preferem “dignidade pessoal”, «porque entendem como pessoa somente “um ser capaz de raciocinar”». Consequentemente, afirmam que «não teria dignidade pessoal a criança ainda não-nascida, nem o idoso não autossuficiente, nem o portador de deficiência mental. A Igreja, ao contrário, insiste no fato que a dignidade de cada pessoa humana, porque é intrínseca, permanece para além de toda circunstância». Além disso, se afirma «o conceito de dignidade humana foi às vezes usado de modo abusivo também para justificar uma multiplicação arbitrária de novos direitos... como se fosse devido garantir a expressão e a realização de toda preferência individual ou desejo subjetivo».

Já o segundo capítulo, “O elenco das violações”, sejam o elenco de “algumas graves violações da dignidade humana”, ou seja «tudo aquilo que é contrário à vida mesma, como toda espécie de homicídio, o genocídio, o aborto, a eutanásia e o suicídio voluntário»; mas também tudo aquilo que viola a integridade da pessoa humana, como as mutilações, as torturas infligidas ao corpo e à mente, as constrições psicológicas». Enfim, «tudo aquilo que ofende a dignidade humana, como as condições de vida sub-humana, os encarceramentos arbitrários, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de mulheres e de jovens, ou ainda as ignominiosas condições de trabalho com as quais os trabalhadores são tratados como simples instrumentos de lucro e não como pessoas livres e responsáveis». Cita-se também a pena de morte, que «viola a dignidade inalienável de toda pessoa humana para além de toda circunstância».

“Pobreza, guerra e tráfico de pessoas” são outras gravíssimas violações da dignidade humana. Antes de tudo, se fala do «drama da pobreza», «uma das maiores injustiças do mundo contemporâneo». Depois está a guerra, «tragédia que nega a dignidade humana» e «é sempre uma “derrota da humanidade", a ponto de hoje ser «muito difícil sustentar os critérios racionais maturados em outros séculos para falar de uma possível “guerra justa”». Prossegue-se com o “sofrimento dos migrantes”, cuja «vida é colocada em risco porque não têm mais os meios para formar uma família, para trabalhar ou para nutrir-se». O documento se detém depois no “tráfico de pessoas”, que está assumindo «dimensões trágicas» e é definida como «uma atividade indigna, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas», convidando «exploradores e clientes» a fazer um sério exame de consciência.

Do mesmo modo, se convida a lutar contra fenômenos como «comércio de órgãos e tecidos humanos, exploração sexual de crianças, trabalho escravizado, incluída a prostituição, tráfico de drogas e de armas, terrorismo e crime internacional organizado». Cita-se ainda “o abuso sexual”, que deixa «profundas cicatrizes no coração daquele que o sofre»: trata-se de «sofrimentos que podem durar toda a vida e a que nenhum arrependimento pode remediar». O texto continua com a discriminação das mulheres e a violência contra elas, citando entre essas últimas «a constrição ao aborto, que fere seja a mãe que o filho, tão frequente para satisfazer o egoísmo dos homens» e «a prática da poligamia» (45). Condena-se o “feminicídio” (46).

Na próxima semana, em continuidade veremos as violações: “Aborto e Maternidade sub-rogada”, “Teoria de Gênero” e “Violência digital”. Fecundas bênçãos pascais!

Medoro, irmão menor-padre pecador

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