Proclamação da República e dignidade da mulher - I

Sempre que se comemora a Proclamação da República voltamos nossas consciências e corações para autonomia da nação e destacamos, a cada ano, os desafios para a autonomia democrática e fraternal dos cidadãos/ãs. O Brasil nos últimos anos vem enfrentando os ciclos de violência contra a mulher. E frente aos episódios lamentáveis, sobretudo nos últimos tempos, entre nós, queremos compartilhar a solidariedade dos jovens cristãos com essa causa

Carta de compromissos da PJ para o enfrentamento aos ciclos de violência contra as mulheres

A Pastoral da Juventude do Brasil, como Igreja Jovem, e fiel ao seguimento a Jesus segue comprometida com a vida. Queremos que todos/as tenham vida e vida em abundância (Jo 10, 10). É deste compromisso com a vida que nasce a Campanha Nacional de Enfrentamento aos Ciclos de Violência contra as mulheres.

Como afirma o Papa Francisco: “Hoje, ainda existem mulheres que sofrem violência. Violência psicológica, violência verbal, violência física, violência sexual. O número de mulheres espancadas, ofendidas e violadas é impressionante. As diversas formas de maus-tratos que muitas mulheres sofrem são uma covardia e uma degradação para toda a humanidade. Para os homens e para toda humanidade. Os testemunhos das vítimas que se atrevem a quebrar o silêncio são um grito de socorro que não podemos ignorar. Não podemos olhar para o outro lado. Rezemos pelas mulheres que são vítimas de violência, para que sejam protegidas pela sociedade e o seu sofrimento seja considerado e escutado por todos.”

Motivada pelas palavras do Papa Francisco, a PJ segue realizando a Campanha Nacional de Enfrentamento aos Ciclos de Violência contra as mulheres. E por isso, partilhamos o Brasil que queremos para as mulheres e refletimos sobre o papel da PJ na construção deste país.

Queremos um Brasil livre do bolsonarismo, do patriarcado, dos abusos sexuais, dos assédios morais e sexuais, dos machismos, do racismo, da xenofobia, da LGBTQIAP+fobia e de todas as formas e modos de violência. Queremos um país decolonial e que portanto não propague as violências presentes em nossas culturas. Um Brasil onde as mulheres não sejam silenciadas, sobretudo pelos homens, lideranças e clero. Sonhamos uma nação onde mulheres e jovens não precisem lutar para viver / sobreviver, mas que possam simplesmente viver, amar e ser e fazer felicidade. Queremos viver numa sociedade sem a cultura do estupro, sem assédios e sem todos os tipos de violência contra as mulheres

Queremos um Brasil onde as mulheres possam, se assim desejarem, estar em todos os espaços de decisão e poder. Queremos um país onde a mulher possua liberdade de escolha. Um Brasil onde as mulheres tenham direito de dizer não e sejam respeitadas neste NÃO. Um país sem imposições ou autoritarismos. Um país onde os processos das mulheres, em suas vivências, sejam respeitados e cuidados.

Queremos um Brasil conscientizado e que não produza dor. Um país que não produza cansaço, fruto de diferentes lutas. Uma terra onde o direito ao descanso seja garantido.

Queremos um Brasil justo, mas que rompa com o encarceramento. Um país onde não haja não piadas construídas por conta de nossas diferenças. Uma terra que não naturalize as discriminações e violências vestidas de piadas e brincadeiras.

Queremos um Brasil onde não se duvide de uma mulher, quando esta relatar uma violência a que foi submetida. Queremos um país onde as mulheres vítimas de violência tenham efetiva e real proteção das Redes de proteção às mulheres. Buscamos garantir que as delegacias da mulher sejam verdadeiros espaços de acolhimento. E por isso, reivindicamos que nas delegacias da mulher trabalhem apenas mulheres.

Medoro, irmão menor-padre pecador


























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