Firjan diz que Rio de Janeiro “esquece de ganhar dinheiro” e joga gás na atmosfera em vez de salvar sua indústria

Declaração foi feita na 8ª Conferência Cidades Verdes. Socióloga da UFRJ completa: “Rio capitulou diante de sua própria riqueza”


O Estado do Rio de Janeiro joga dinheiro fora em vez de usar seus recursos naturais para impulsionar a indústria e se tornar o mais rico do país. Ao jogar o gás na atmosfera, como subproduto da exploração do petróleo em alto mar, o Estado abre mão de uma riqueza imensa no momento em que mais precisa gerar emprego para reverter a decadência econômica. O alerta foi feito pelo presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura de Meio Ambiente da Firjan, Isaac Plachta, na 8ª Conferência Cidades Verdes, nesta quarta-feira (18).

Isaac ressaltou que, por sua "matriz energética invejável", o Brasil está entre os países que mais contribuem para a transição energética do planeta, mas ainda tem muito a avançar. "As plataformas estão produzindo muito gás, que está sendo queimado, jogando CO2 na atmosfera. É um gás importante para a indústria", disse o dirigente. Segundo ele, o Rio de Janeiro se preocupa muito com a produção de petróleo, "mas esquece de ganhar dinheiro ao longo da cadeia, produzindo combustíveis e produtos da petroquímica".

"O país já foi o terceiro do mundo em petroquímica. Hoje é o oitavo, importamos petroquímica, e nossas empresas estão fechando. Não investimos, e deixamos o gás queimar nas plataformas", ressaltou Isaac. Ele comparou o abandono do gás pelo Brasil com a estratégia da China, que "investe anualmente em petroquímica o equivalente a uma Brasken, e depois exporta para o Brasil." Ele comparou o preço do gás vendido à indústria dos Estados Unidos, de 4 dólares por milhão de unidades térmicas britânicas (Mbtu), com o do Brasil, que está em torno de 14 dólares por BTU. "Nós precisamos acordar. O Rio de Janeiro poderia ser o estado mais rico do Brasil, mas as coisas não estão acontecendo", lamentou o dirigente da Firjan.

As declarações foram feitas na abertura da 8ª Conferência Cidades Verdes, organizada pelo Instituto Onda Azul, no Centro de Convenções Firjan. A socióloga e pesquisadora da UFRJ Aspásia Camargo definiu o posicionamento da Firjan como histórico.

"As cidades do Rio estão submersas na riqueza do petróleo e não sabem usar. Admiro a coragem da Firjan ao dizer que capitulamos diante de nossa própria riqueza. Estamos aqui para ouvir a verdade sobre uma cidade que é luminosa, que nasceu verde e azul, e não está sabendo tirar proveito de sua própria grandeza", declarou Aspásia. "Se soubermos tirar proveito, podemos garantir nosso desenvolvimento sustentável", concluiu Aspásia.

O futuro da energia e da mobilidade é o tema do segundo e último dia da conferência Cidades Verdes, idealizada há 13 anos pelo ambientalista Alfredo Sirkis, morto em 2020. O uso do hidrogênio na geração de energia, a transição energética e a redução de emissões de carbono nos transportes estão entre os assuntos principais. A programação completa está em www.inscricoescidadesverdes.eco.br.
 
Assessoria Firjan
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