CEBs: protagonistas da Igreja em saída


Teve início ontem e vai até o próximo sábado o 15º Encontro Intereclesial de CEBs em Rondonópolis, MT, sob o tema CEBs, Igreja em saída em busca de vida plena para todos e todas. A nossa Diocese de Valença está ali representada por cinco leigos; sendo dois de nossa paróquia - Galdino e Franciele –, Nilcéia – Governador Portela -, Cleber – Paty do Alferes – e Benedito – Valença -. São esperados dois mil participantes da maioria das dioceses do Brasil. Trata-se de um grande encontro que celebra e aprofunda esse jeito novo de ser igreja, com protagonismo dos leigos e leigas que participam da vida, missão e decisões eclesiais à luz da opção preferencial pelos pobres.

Compartilho o legado do seu santo pastor-profeta Dom Pedro Casaldáliga, em seu diário de agosto de 1968, sobre a identidade e missão das CEBs:

• Uma verdadeira CEBs deve estar aberta, na elasticidade do povo e do Espírito, sem fronteiras policiadas;

• Saber jogar (jogo de Deus) entre as exigências evangélicas e a tolerância misericordiosa;

• Educar o povo para exercício do poder, político e eclesial, para que seja sujeito; • Distinguir sempre entre o fundamental e o secundário. Em relação às pessoas, fidelidade aos compromissos;

• Multiplicar as boas celebrações, tornando-as alavanca da comunidade viva;

• Ter consciência, vontade e posição para fazer com que a Igreja aconteça;

• A CEBs será, em todo caso, um jeito, modo, ar, vontade, comunitário, eclesial, popular e comprometido de ser;

• Uma comunidade autêntica se apropria da Palavra e a anuncia, celebra a fé, vive seus compromissos de Igreja e de sociedade, se articula e assume o poder; •No poder, torna-lo colegiado, em comunidade e rotatividade, com responsabilidade especificas. Respeitando os carismas pessoais e os líderes antigos. Evitando a elitização, mas dando uma espécie de “oficialização colegiada”;

• Dar cobertura aos mais comprometidos politicamente, para alimentá-los na fé; • Ajudar a interligar as lutas no núcleo de um projeto popular (político e eclesial); • “onde há povo, há líder”, dizia Lênin. “Todos somos líderes”, diz Dom Luiz Fernandes, no sentido de que se deve pensar mais em comunidade que em liderança. Tudo o que pode ser feito por um grupo não deve ser feito pelos líderes. Diante da sociedade e da Igreja piramidais e autocráticas, devemos estimular o espaço e o esforço comunitário.

Na longa preparação desse momento eclesial foram realizados como que assembleias que aprofundassem os desafios e perspectivas das referidas CEBs-Comunidades Eclesiais de base, nos contextosda igrejae da sociedade. Da última preparação coletiva, em Rondonópolis, 15 de abril de 2023, queremos compartilhar um dos trechos da Carta às Comunidades – nº 14 – enviada a todas as CEBs, sob o tema Sinodalidade e Democracia:

“Para nós cristãs e cristãos, existem ainda muitos caminhos a serem percorridos, para nos aproximar do sonho do Mestre Jesus. Seu mandamento é claro: pão em todas as mesas! Quem tem fome, sede ou outra carência deve estar no centro de nossas atenções; não deve haver ambição pelo poder, pelos primeiros lugares entre nós; o menor deve ser tratado com a prioridade que merece. E quem é convocado para exercer alguns ministérios, o faça com espírito de serviço, não de mandante que dá ordens. A escuta deve ser a principal característica de quem ocupa alguma responsabilidade e, após ter escutado a necessidade ou opinião de seu semelhante, “responde” a fim de tornar nossa convivência mais amorosa, mais justa, mais equitativa. Assim caminha a Igreja Sinodal!

O nosso 15º Intereclesial quer dar uma contribuição para andarmos com coragem, dedicação e resiliência nesta estrada da sinodalidade e democracia”.

Medoro, irmão menor-padre pecador

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