Obrigado, Nenê


Em nome da profissão que abraçamos, de atleta profissional de futebol, gostaria de lhe agradecer pelo seu exemplo. As novas gerações precisavam ter em quem se espelhar.

Com sua postura, não apenas elevou a expectativa de vida alcançada por um atleta profissional, como subiu o conceito do jogador de futebol junto a sociedade. Sua fidelidade ao Vasco, defendendo-o mesmo quando caiu de divisão, mostrou que ainda há respeito e gratidão no futebol brasileiro.

Lembro bem, nos anos 70/80 em que joguei, de entrar no avião junto a delegação e as aeromoças se contorcerem: "Lá vem aquela cambada!".

A "cambada" era formada, em sua maioria, por atletas oriundos das comunidades carentes, estruturas sociais frágeis, que não resistiam aos prazeres que rondam a profissão. Como a caça às Marias Chuteiras, ida às baladas, pagodes e bebidas em excesso que são os principais adversários da manutenção de um alto rendimento.

O enredo quase sempre é chinelinho na segunda, massagens na terça, dores de cabeça na quarta e dispensa ou empréstimo ao Resende no fim do ano. Infelizmente, tem sido esse o destino dos garotos que chegam cheios de sonhos em São Januário.

Não é fácil resistir aos encantos que se apresentam aos que passam, aos 20 anos, de uma ajuda de custo amadora para um alto salário profissional. Vem o carro, o apartamento, os "novos amigos" e.. lá se foi uma promessa perdida em meio à farra.

É bom para o Gabriel Pec, os que chegarem dos juniores para assinar seu primeiro contrato, tomarem conhecimento que sob o manto que Ademir, Romário, Roberto Dinamite se consagraram ainda há espaço a ser ocupado com jogadores do seu nível.

Que dignificaram a profissão de atleta profissional do começo ao fim.

O convite do Juventude, para a disputa da série B, não foi coincidência. Ninguém é mais jovem na sua idade dentro do futebol brasileiro.

Parabéns!

Por José Roberto Padilha

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