A Correção da Conduta da Criança

“A arte de educar consiste em começar ensinando-se primeiro a si mesmo.” Eis uma orientação da Pedagogia Logosófica que, aparentemente, aponta para uma obviedade.

De fato, ela destaca algo que muitos educadores, pais ou professores já puderam comprovar em suas práticas: para saber ensinar é preciso, antes de tudo, saber aprender.

Não se pode dar o que não se tem, não se pode ensinar um caminho que não se percorreu. Nada tão claro! Mas isso não significa, absolutamente, que a tarefa seja simples, como veremos a seguir.

Comecemos pelo fato de que não basta saber algo; é preciso saber ensinar, é preciso saber como ensinar. Isso envolve toda uma docência, um tato, dosagem, inteligência.

Sob esse enfoque, daremos com as formas corretas e com as formas equivocadas de atuar ao tratarmos de corrigir a conduta da criança. As corretas são aquelas que constroem, enquanto as outras, geralmente, são as que apenas reprimem.

Durante a correção, o educando deve ser tocado em seu entendimento, importantíssima faculdade da mente que é peça básica em qualquer mudança que se queira empreender.

Em vez de simplesmente reprimir, o ideal é que o educador aprenda a corrigir, o que significa ensinar a eliminar o erro e propiciar o acerto.

Isso implica educar para a vida, e não para o momento. Implica ter segurança daquilo que se ensina, visando, acima de tudo, ao bem do educando, e não ao seu bem-estar imediato.

Por outro lado, são duas psicologias que estão em jogo: a de quem ensina e a daquele que recebe a correção. É indispensável, pois, um conhecimento dessas duas psicologias.

Em um clima de afeto, na certeza de se estar ao lado da criança e não contra ela, é possível fazê-la pensar, para que surja a vontade de mudar, fator indispensável, pois é ela mesma quem, de fato, fará culminar o processo da correção. A criança é quem se corrige, com os elementos e recursos postos à sua disposição.

O educador poderá ensinar, aconselhar, encaminhar, exigir, mas a verdadeira correção só se inicia no momento em que ocorre a compreensão do erro, a vontade de mudar e, completando o quadro, a compreensão clara da conduta certa a ser adotada.

À criança devem ser dados conceitos reais, evitando tudo que é falso. Isto facilita correções no futuro. Antes de corrigir, escutar.

Parece algo tão simples, mas exige do educador consciência na hora de atuar. A impulsividade leva, frequentemente, a um exagero na reação diante do erro do educando, sem se ouvirem antes suas razões.

Diálogo. Conversar não é sinônimo de monólogo. Conversar constantemente vai criando confiança. O educando tem de saber que tem o direito de perguntar sempre que não entender por que deve fazer isto ou aquilo.

Deve aprender a obedecer inteligentemente, questionando, sim, mas não mais do que o necessário. Quando a criança comete um erro, fica evidente que ela necessita de uma explicação, que deve chegar ao seu entendimento, e o educador tem de ter segurança do que transmite.

A correção afetuosa e amiga não constrange, não expõe a criança. Nesse ambiente de confiança, é possível que o educando pense, reflita, para que ele mesmo, ajudado pelo docente, queira e enxergue a melhor forma de agir.

É de todo recomendável uma enérgica doçura. É a enérgica doçura, que não pressiona ninguém, que estimula a fazer. Como se vê, “a arte de educar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo".

Os elementos aqui expostos representam uma parte apenas da ampla concepção da Pedagogia Logosófica. Não são – fica claro! – aplicados isoladamente.

Misturam-se e complementam-se na aplicação diária e objetivam formar um ser humano feliz e consciente de sua responsabilidade diante da própria vida e diante da sociedade em que vive.

Coluna Logosofia  
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