A Praça Borralheira

Era uma vez uma praça linda erguida no epicentro de uma cidade. Nada em beleza lhe faltava. Bancos para os namorados, plantas, postes, gramados bem cuidados e um histórico coreto para tocar a trilha sonora das suas paixões.

E até a lua (foto) eterna enamorada, regularmente vinha lhe iluminar.

Tão frondosa, era para ser a Cinderela das Praças das Autonomias, afinal simbolizava a emancipação política e administrativa daquele município.

Mas como não lhe concederam um só barzinho na cidade que mais tem barzinhos com cadeiras à sua volta, um só Bob's na cidade que mais hambúrgueres vende, para sua gente sentar e lhe brindar, com tudo fechado à noitinha onde até o Amendoim esquece de passar, foi se tornando a Gata Borralheira das pracinhas.

Cujo significado é "uma moça suja de cinzas". Um lugar frio, sem alma, cercado de comércio por todos os lados. São tantos pra lá, tantos pra cá, que poucos param para perceber sua suntuosidade.

Os que estão assentados, aposentados, olham para as cartas, não para si.

Uma praça, acreditem, a ser ultrapassada quando merecia que seus moradores, de joelhos, a cultuassem.

Pode ser que um dia, o Rei, como num conto de fadas, decida dar uma festa para escolher uma praça para o casamento do seu príncipe anunciar.

São Sebastião e dos Peixinhos, até a JK, certamente serão convidadas. A de Bemposta, linda, não será esquecida.

Só nos resta torcer para que o sapatinho a ser esquecido caiba nos pés da Praça da Autonomia. Para que ela, e sua amada e emancipada Três Rios, possam conviver felizes para sempre.

Por José Roberto Padilha

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