Aos Heróis da Resistência

Não é fácil manter a tradição de uma cidade. Basta um ano sem que ela, a Banda Musical Primeiro de Maio, não nos acorde com sua alvorada que corremos o risco de perdê-la para sempre.

Tudo é tão rápido na velocidade da modernidade e da falta de respeito com as tradições que se os de sempre não entrarem na contramão da ingratidão com a luta dos que tudo começaram, menos uma instituição sairá às ruas a preservar a nossa história.

Desse jeito, permita-me parabenizar nossos sambistas que estão nos barracões, os Carlos Henriques que ensaiam à exaustão nossas comissões de frente, os Ringos que treinam a harmonia das suas baterias para não deixar morrer nosso maior produto de exportação: o desfile das escolas de samba. Não por acaso, mas por sua qualidade, temos o melhor Carnaval do interior do estado.

Não temos o clima das montanhas, muito menos as praias da região dos lagos. Três Rios é um vale entre Petrópolis e Juiz de Fora onde ainda ecoam os gritos de resistência dos excluídos.

Da Fazenda Cantagalo, nossas origens, batuques, capoeiras, danças e lembranças do berço escravistas continuam a bradar por igualdade. Por liberdade.

Tenho muito orgulho das nossas escolas de samba, dos blocos, do amor que dedicam ao Carnaval. Pelo menos no dia dos seus desfiles, os operários se vestem de nobres. E os nobres pagam ingresso para aplaudi-los de pé.

Vai chegar o dia em que todos terão as mesmas oportunidades. De desfilar e aplaudir. A sociedade será mais justa com todos e a renda será melhor distribuída.

Até lá, que Deus abençoe nossos heróis da resistência. Independente do show que apresentarão na avenida, já são todos merecedores do nosso reconhecimento. E dos nossos aplausos.

Por José Roberto Padilha 
Imagem: Jonair de Christo

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