“Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra!

Sob esta citação bíblica de Isaias 65,17, a Igreja do Brasil se prepara para celebrar 15º Encontro Intereclesial das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base, a ser realizado na Diocese de Rondonópolis, de18 a 23 de julho do corrente ano.

Na 13ª reunião da equipe de articulação, a nível nacional, ali realizada, em 15 de novembro de 2022, a Irmã TeaFrigerio, Missionária de Maria – Xaveriana e Assessora Nacional das CEBs – endereçou a Carta às Comunidades.

Julgamos relevante publica-la na íntegra, seja paraos militantes das CEBs, mas também para todos que buscam uma Igreja e um Brasil novos.Amadas companheiras, amados companheiros da caminhada, chegamos a mais um apontamento de nossa caminhada rumo ao 15º Encontro Intereclesial das CEBs.

E, quero começar esta conversa através da poesia do nosso companheiro, apaixonado dos Círculos Bíblicos, daqui de Ananindeua (Belém/Pará), Luiz das Cebs da Silva:

Viver é a arte de se encantar

Com a vida e com os sonhos

Com o Céu a edificar

Nas flores a florir

Nas crianças a sorrir

No banquete a se fartar

Na festa do infinito viver

Que não se precisa morrer

Para se vivenciar

O Céu não é pequeno

É a casa, é a rua, é o terreno

Que pisamos no dia a dia

É o lugar da alegria

Não só para onde eu vou

Mas também e principalmente

onde eu estou.

Viver o Céu aqui

E não pensar na morte

Mas fazer com que tudo se torne vida

Plena realização

De celebrar e festejar

Um Novo Céu e

Uma Nova Terra.

A festa não tardará

Javé, o Deus da vida

Mergulha na humildade

Por amor a humanidade.

E nesse viver de lutar, de amar

Nesse querer, de realizar

Acolher e viver a certeza da salvação

De um Deus

Que sendo Trindade

Comunidade

Vai armar sua tenda de novo

E vai morar junto com o seu povo

E toda lágrima vai enxugar.

Não haverá mais morte

Nem aflição, nem choro, nem dor

Porque o sofrimento vai passar

A novidade será o amor

É Deus Javé que assim quer

Pois sempre assim quis

E o poeta assina em baixo e diz

Que o povo será feliz

Nesse lindo esperançar.


Sim, viver é a arte de se encantar. Se encantar a cada dia com o tema do 15º Intereclesial que nos coloca em profunda sintonia com o Papa Francisco quando nos exorta a “ser uma Igreja em saída, que vai ao encontro das periferias sociais, culturais e existenciais ... para que todos e todas tenham vida plena”.

Se encantar é se comprometer a ser Igreja – Comunidades abertas, inclusivas e acolhedoras das diferenças, das raças, das culturas, dos credos.

A ser Igreja – Comunidades missionárias que saem de si mesmas para ir ao encontro dos pequenos, dos pobres, dos desvalidos e sofridos da humanidade; ao encontro dos povos. A ser Igreja – Comunidades que pisam com respeito, amor ao chão e cuidam da Casa Comum.

Se encantar com uma Igreja que ajuda as Comunidades Eclesiais de Base, as pastorais, os serviços, os movimentos eclesiais e populares a abraçarem as causas fundamentais que sustentam a Comunidade, a Humanidade e a Casa Comum, interpelando-as a uma evangelização de proximidade e cuidado. Se encantar com a política, a boa política, “como a forma mais elevada da caridade” (Papa Francisco).

Sim, viver é a arte de se encantar. Se encantar a cada dia com o lema: “Vejam! Eu vou criar um novo céu e uma nova terra” (Is 65,17).

As palavras do Profeta-poeta Isaías se tornam palavras vivas para nós hoje nas palavras do Poeta-profeta Luiz das Cebs que nos convidam a se encantar.

Se encantar é alimentar a esperança que o tempo da Igreja – Comunidades em saída, é agora, tempo de reconstruir, de recomeçar, de esperançar.

Se encantar sempre de novo, caminhando com Jesus de Nazaré e com Ele acreditar que um novo tempo é possível. Se encantar sempre mais com o convite de Jesus de Nazaré a ser fermento na massa.

O fermento faz brotar o ar, o sopro, o vento no próprio interior da massa, abrindo e, às vezes rasgando nela espaços necessários ao seu crescimento, dando leveza e sabor. A ser fermento que faz brotar o ar dentro da massa, criando novos espaços, colaborando com a elevação ética da humanidade, ajudando as pessoas e as sociedades a se comprometerem com a Vida.

Porém, rasgar novos espaços numa massa compacta, embora seja fundamental, não será sempre uma atividade confortável.

É necessário dar nome a tudo aquilo que prende esta massa ao solo, que não lhe permite ganhar a leveza e o sabor aos quais ela é chamada: “fiquem para sempre alegres e contentes, por causa do que vou criar” (Is. 65,18).

O fermento não existe em função de si, mas voltado à existência de um pão nutritivo, saboroso. O pão, não existe em função de si mesmo, mas para nutrir a vida e proporcionar mais prazer e alegria.

Do mesmo modo, como o pão e o fermento, só podemos desejar e colaborar ativamente com isso em nossa vida: a nova humanidade que está sendo gestada aprenda que a partilha de tudo o que somos e possuímos com quem não é e não possui; que nós somos a condição para o surgimento de um mundo mais bonito, diverso, humano e divino, onde todos possam crer, esperar e amar: novo céu e terra nova.


Amém, Axé, Awerê, Aleluia, ÓinoGódo!

Para refletir: 1- Como podemos encantar nossas comunidades para um “Igreja em saída” para as periferias?

2- Como podemos encantar as comunidades para que haja “novo céu e nova terra” para todos e todas?

3- Como podemos ser o fermento que faz a comunidade lutar por vida digna para todos e todas?

Medoro, irmão menor-padre pecador

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