Lições que o Bloco da Barão deixou

"Se organizar, acaba". Adotamos esse slogan durante muitos anos no Bloco que presido. O Bloco da Barão. Como todos trabalham, não temos barracão ou CNPJ, era depois do Natal que começavamos os preparativos.

E fomos levando desse jeito, improvisado, criativo, mas feito com amor ao samba e ajuda dos amigos que Iemanjá escalava a cada ano.

Com o tempo e ao se tornar uma tradição, um cartão postal de Três Rios, nos tornamos de Utilidade Pública e Abre-alas Oficial do Carnaval Trirriense. Seria perigoso insistir com tanto improviso diante das nossas responsabilidades.

E um grupo de notáveis, os chamados Diretores de Ideias, que não chegam pra fazer e diante do menor contratempo, como o atraso para sair, cadê a guarda que não chegou, repetem suas ladainhas no calor das primeiras horas de 2023 : "ano que vem porque você.."

As cornetas não jogaram o som pra frente, só pro lado, e o caminhão de som saiu do lado da bateria. E fomos tentando fazer o melhor entre os carros estacionados enquanto uma multidão se divertia.

E quando descemos a Duque de Caxias para alcançar a Av. Alberto Lavinas tinha uma barricada. Joel São Tiago, nosso mais sóbrio diretor, foi solicitar da PM permissão para passar. A resposta foi não. Era área de escape das ambulâncias embora o espaço desse para erguer uma UPA.

E quem segura um bloco em euforia diante do seu roteiro original?

E um cortejo de gente feliz ultrapassou a barreira se divertindo tanto que os policiais foram incapazes de deter. Só faltaram cair no samba. E uma verdadeira apoteose encerrou o nosso desfile quando a nossa alegria contagiou quem se encontrava na Beira-Rio.

Aprendemos que não se retira de um bloco carnavalesco sua essência maior, que é o combustível dos seus foliões. Seu etanol não se explica, apenas dá pistas sobre um cuidado mínimo e a alegria máxima que conduz.

Caso contrário, vira uma Escola de Samba. E você deixa de ser protagonista para ser mais um torcedor sentado nas arquibancadas cercado de isopor por todos os lados.

Por José Roberto Padilha

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