Cirurgia bariátrica: especialista do HCNSC explica procedimento

Número de pacientes que optam pela intervenção cresce anualmente no Brasil


Recentemente, a cantora Jojo Toddynho noticiou em suas redes sociais que faria uma cirurgia bariátrica. O tema gerou uma série de questionamentos sobre o procedimento. Pensando em sanar essas dúvidas, o cirurgião geral e do aparelho digestivo do Hospital das Clínicas Nossa Senhora da Conceição, Bruno Muniz, falou um pouco sobre os cuidados que o paciente deve ter antes e depois da cirurgia.

Diferente do que muitos acreditam, a cirurgia bariátrica não pode ser realizada por questões estéticas. Desde 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS), considera a obesidade uma doença e a cirurgia bariátrica é considerada uma forma de tratamento para a mesma. A pessoa para realizá-la precisa se enquadrar em alguns requisitos baseados na presença de comorbidades e no Índice de Massa Corporal (IMC), como explica Bruno Muniz.

"Só pode realizar a bariátrica, pessoas que são portadoras de obesidade e que tenham o IMC acima de 35. Além disso, estas também devem ter alguma comorbidade que justifique a cirurgia. Por exemplo: ser portador de hipertensão arterial, diabete mellitus, apneia do sono, entre outras doenças. Pacientes que possuem o IMC acima de 40, que é considerado obesidade mórbida, não precisam ter nenhuma comorbidade associada e os que possuem IMC entre 30 e 35 podem realizar a cirurgia desde que tenham diabetes de difícil controle e usem insulina", explicou o médico.

O preparatório do paciente é o mesmo de uma cirurgia comum, o que modifica é a bateria de exames que é um pouco mais extensa. Além disso, a pessoa que deseja operar deve passar por uma avaliação com o psicólogo, com o nutricionista e com o endocrinologista, em conjunto com o cirurgião. Esse acompanhamento multidisciplinar é fundamental para saber se a pessoa quer realizar aquele procedimento e passar todas as orientações e dificuldades que podem surgir antes e depois do processo.

Sobre perder peso, o especialista explica que o importante a ser avaliado é o percentual de peso perdido e não a quantidade de quilos, já que os efeitos no corpo variam de acordo com a individualidade de cada paciente.

"Normalmente se fala em sucesso da cirurgia quando a pessoa em 1 ano de pós-operatório perdeu cerca de 30% do seu antigo peso total. Isso é uma referência que usamos, não é uma obrigação a ser alcançada por todo mundo, cada paciente deve ser individualizado. Além disso, também é importante avaliar outros dados métricos do paciente, como percentual de gordura e percentual de massa magra também", completou Bruno.

A técnica da cirurgia vem evoluindo de acordo com os avanços da medicina. No início dos anos 2000, quando popularizou, era realizada através de um corte grande na barriga do paciente, chamado de cirurgia ̈a céu aberto ̈ e usualmente utilizava-se um anel no estômago, que era reduzido. Hoje em dia, quase todas as pessoas realizam a cirurgia por vídeo e sem a colocação de anel gástrico, além de terem surgido outras técnicas, como a Sleeve, em que se faz apenas a redução do estômago e não precisa fazer uma ligação com o intestino. O novo método é muito menos agressivo e invasivo. Contudo, o pós-cirúrgico também deve ser muito bem planejado se o paciente deseja obter resultados. Depois da cirurgia uma das coisas mais importante que devem ser priorizadas é a alimentação equilibrada.

"A pessoa tem que seguir uma dieta muito regrada. Obviamente, depois que ela opera, o estômago fica muito reduzido. Então, normalmente, os pacientes não aguentam comer muito. Mas tem que tomar cuidado! Se a pessoa ficar comendo muito doce, por exemplo, que são alimentos que às vezes pequenas porções têm muitas calorias, ela vai voltar a engordar. É vigilância para o resto da vida", disse o doutor.

Por fim, o médico ressalta que, normalmente, o procedimento cirúrgico é feito em adultos entre 18 e 65 anos. Contudo, cada paciente deve ser avaliado individualmente. Pode ocorrer de um menor de idade ser autorizado a realizar a cirurgia a fim de evitar desdobramentos graves em sua saúde. Pacientes que possuem doenças psiquiátricas, como depressão severa e esquizofrenia, por exemplo, podem não ser autorizados a realizar o processo. Além destes, pacientes com cirurgias prévias, como: câncer de estômago, úlcera ou traumas que modificam a anatomia do estômago, também são avaliados cuidadosamente. 

Assessoria HCNSC
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