Dores e seus significados no dia a dia das pessoas com deficiência adquirida

Muitas são as formas de manifestação de dores na vida das pessoas com deficiência, expressadas através da percepção de alterações dos sentidos físicos, mentais, comportamentais, emocionais e existenciais de cada pessoa, direta ou indiretamente relacionadas à negação da deficiência adquirida, falta de recursos, poucas perspectivas de apoio social e ao abandono dos familiares e pessoas significativas.

Episódios naturais que, quando não compreendidos seus significados subjetivos pelos processos superiores de reflexão interior, impulsionam esses indivíduos à percepção de fracasso pessoal pela absoluta ausência de perspectivas de vida no longo caminho a percorrer, em face de suas vulnerabilidades e necessidade de cuidados de longo prazo.

Dores no corpo físico, como aquelas decorrentes das respostas neurológicas após lesão cerebral traumática ou resultantes de acidente vascular cerebral, frequentemente, manifestadas mediante seguidas queimações e câimbras nas extremidades dos membros inferiores e superiores.

Essas persistem, embora menos intensas e por longos períodos como sinais precursores dos involuntários e nada bem-vindos movimentos descoordenados característicos dos sinais de espasticidade e clonos musculares.

Nesses momentos, há que se manter controle da mente para que essas descargas cerebrais de hormônios neurotransmissores desencadeadores impulsos adversos sejam minimizadas devido ao efeito das endorfinas, que nosso cérebro também libera para a circulação venosa de todo nosso corpo, ao mentalizarmos imagens e lembranças que nos propiciem sorrir e relaxar.

Um exercício que se adquire com o passar do tempo, obtido com o árduo aprendizado a lidar com os efeitos cruzados próprios das respostas neurológicas no pós-lesão cerebral de grande porte.

Somam-se a isso, as dores do sistema osteomioarticular devido ao comprometimento progressivo e compensatório dos membros superiores ou inferiores não comprometidos pela lesão primária, em consequência dos esforços repetitivos exercidos pelas estruturas corporais não comprometidas em suas capacidades funcionais.

Dores subjetivas percebidas por mulheres mastectomizadas que não aceitam conviver com um ou dois seios amputados, mesmo após submetidas as torturantes sessões de quimioterapia e radioterapia, vivenciando o desconforto da queda dos cabelos, emagrecimento, náuseas, entre outros sintomas consequentes das doenças oncológicas.

Muitas narram que a imagem corporal alterada faz com que se sintam inferiorizadas, imaginando incapacidade de despertar apetite sexual nos parceiros e discriminadas no próprio círculo social e familiar.

Outros tantos que também sofrem os efeitos discriminadores da imagem corporal diferente e do odor exalado pela bolsa coletora de fezes localizada no abdome, pois foram ostomizados após doença oncológica com amputação de reto ou das alças intestinais.

Esses sentem a dor do deboche ao perceber a reação inconveniente nas expressões faciais, gestos e comentários desrespeitosos feitos por pessoas desprovidas de respeito, sensibilidade, solidariedade e amor, que se deparam nos diversos ambientes da vida em sociedade.

Há também que sinta um tipo de dor simbólica por não mais sentir dor física, como alegado por pessoas com lesão medular traumática adquirida em acidentes automobilísticos, mergulho em águas rasas, quedas, projétil de armas de fogo, doenças infecciosas da medula espinal, entre outras, que se assustam com a perda total da sensibilidade tátil e térmica abaixo da lesão primária.

Nesses casos, os homens e mulheres mais jovens ou não, porém, de pouca escolaridade, inconsistente formação religiosa e maturidade espiritual, muito apegados à dimensão material, vaidosos com a imagem corporal cultuada antes da lesão, sucumbem por decretar a própria morte prematura em consequência das inevitáveis comorbidades surgidas na pele, mucosas, órgãos e sistemas do corpo.

Em hipótese alguma havemos de nos mostrar resistentes, frustrados e negligentes ante às possibilidades de recorrer à resiliência, nossa força interior, negando a própria condição de vida, rejeitando aderir aos programas de reabilitação que se apresentam alternativas reais de reconstrução das nossas trajetórias de futuro, indiferentes e não determinados no alcance da autonomia que nos assegura o desempenho seguro das atividades cotidianas e plena inclusão social.

Outrossim, ainda temos de enfrentar a dor da exclusão, da invisibilidade, do descaso, do abandono, do desrespeito e do preconceito de muitas pessoas desprovidas de valores morais que cruzam nossos caminhos.

Apenas agindo com sabedoria podemos administrar essas coisas, pois partem de mentes fracas, imaturas, insensíveis, doentias e fogem ao nosso controle, apenas nos restando compreender suas fraquezas, as ignorar, orar e pedir a Deus que as perdoem, pois elas não têm consciência de que todas as nossas ações, boas ou más, sempre retornam à fonte emissora. É a infalível Lei do Retorno!!!

Por Wiliam Machado

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