O preço da ousadia


Em 1998, resolvi conceder a uma promissora geração juvenil a oportunidade que um dia deram pra mim.

E fui até a Ferj inscrever o América FC-TR, no estadual infantil. O clube tinha uma boa safra, mas teria que arrumar uma equipe juvenil também. Os jogos eram casados e não tinha.

Me indicaram a equipe do Zé Romero, que treinava no Cruzeirinho. Não conhecia seus jogadores, mas como não tinha tempo de ver, o convidei. E ele aceitou o desafio.

Até que não fizemos feio entre os grandes. Até acontecer o jogo de volta com o Vasco. O infantil jogou em Xerém, pela manhã, e o Juvenil foi marcado para a preliminar de Vasco X Grêmio, pela Copa Libertadores.

A excursão com os dois times saiu cedo, carregada de sanduíches, e a primeira parada, em Xerém, foi bem sucedida: Vasco 3x0 e uma boa partida do nosso infantil. E partimos para São Januário porque não ouvimos Mãe Dinah. Ela dizia: faz a volta, aproveitem que estão aos pés da serra. E voltem para Três Rios!

Quando chegamos, São Januário tremia e nosso time mais ainda. Fui conhecê-los nesse dia. Na zaga, Diogo do Coco, que se tornou um próspero empresário, mas antes bateu doído em todo o ataque vascaíno.

Na lateral esquerda, Binha, filho do Rei Momo, que mais tarde se destacou como presidente da Unidos do Barros Franco, nem passou do meio campo.

O primeiro tempo terminou 7x0. No vestiário, cujos pilares sacudiam com mais de 50 mil pessoas pulando em cima, houve uma pequena rebelião. Zé Romero, chateado com sua equipe, nem queria voltar para o segundo tempo. Voltamos. A punição seria pior.

Duas lembranças guardei na memória diante de uma alma que voltou destruída dessa ousadia: Leandro Ávila, cabeça de área do Vasco, após o 9x0, pedir para tocarem a bola. Não humilharem. E a torcida pedindo olé. E mais um, mais um...

Nos dez minutos de lucidez que sobraram, antes do ônibus partir, deu para perceber que o camisa 10 do Grêmio, bem magrinho, levava jeito para a coisa. Perguntamos quem era. Responderam: Ronaldinho.

O resultado: Vasco 1 X 0, gol de Luizão. E tome sanduíche oferecido pelo Bramil, nem patrocínio tinha para a simbólica parada na Casa do Alemão.

Mas que nós tentamos...

Por José Roberto Padilha 
Imagem: Reprodução do colunista

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