Pedro e Paulo: discípulos com missões específicas II

Retomando a continuidade de nossa reflexão a partir da Festa de São Pedro e São Paulo tenhamos a clareza de que só iremos conhecendo Jesus na medida em que nos identificamos com Ele e nos revestimos de seus sentimentos, valores, critérios...

Só há um caminho para aprofundar em seu mistério: segui-Lo; seguir humildemente seus passos, abrir-nos com Ele ao Pai, prolongar seus gestos de amor e ternura para com todos, olhar a vida com seus olhos, compartilhar sua fidelidade à causa do Reino...

S. Pedro e S. Paulo viveram, por caminhos diferentes, um original encontro com o Mestre da Galiléia. Encontro que desvelou e extraiu o que havia de mais nobre e humano no coração de cada um deles (“tu és rocha” – “tu és Paulo”).

Foi esta solidez interior, que se visibilizou na maneira original de cada um seguir Jesus Cristo, que os transformou em colunas da Nova Comunidade dos seguidores do Nazareno.

A eles foi conferida uma “autoridade” como caminho para o serviço e a promoção da vida.

Jesus compartilha com eles sua mesma “autoridade” que não tem nada a ver com o poder que domina ou a liderança que se impõe. Jesus tem “autoridade” porque o “centro” está no outro; Ele veio para servir.

A expressão “autoridade” vem do verbo latino “augere”, que significa literalmente: aumentar, acrescentar, fazer crescer, dar vigor, robustecer, sustentar, elevar, levantar o outro, colocá-lo de pé, impulsioná-lo para frente... 

É a qualidade, a virtude e a força que serve para apoiar, para alentar, para ajudar as pessoas a serem elas mesmas, para fazê-las crescer, desenvolvendo suas próprias potencialidades.

“Autoridade” significa recuperar a autoria, ativar a autonomia àquele que está impedido de optar e de fazer seu caminho.

Nesse sentido, a autoridade nunca é perigosa para a pessoa, jamais é imposição ou atentado contra sua legítima autonomia ou liberdade. A autoridade é essencialmente amor.

Também o exercício da autoridade deve ser medido pela palavra e pela obra de Jesus Cristo. E não pode ser de outra maneira, já que, se a origem da autoridade na Igreja é divina, também deveria ser “divina” o modo de exercê-la.

Se toda autoridade provém de Jesus, deveria ser exercida à maneira como Jesus a exerceu, e isto vale tanto para aqueles que detém uma autoridade instituída como para aqueles que, devido às suas qualidades e carismas, exercem, de fato, autoridade de serviço nas comunidades cristãs.

Neste “como” se exerce e deve ser exercida a autoridade na Igreja está o desafio que as comunidades cristãs devem assumir.

O Evangelho da Liturgia dos dois apóstolos é claro quanto à maneira como se deve exercer a autoridade: a partir do serviço. Aquele que serve não domina, convertendo-se no centro, mas anima e integra o diferente. Aquele que serve, despoja-se de seus interesses privados e investe sua vida em benefício de todos.

Isto significa que todos aqueles que exercem a autoridade hão de voltar sempre ao manancial de onde brota o autêntico ser da Igreja, que é a palavra e a ação de Jesus.

Não deve existir autoridade na Igreja que esteja por cima da ação do Espírito; ela não deve buscar outra coisa a não ser a vinculação de todos os membros da Igreja no amor e no serviço mútuo.

Uma autoridade que se desvincula do “carisma de autoridade” do Espírito tende sempre a converter a instituição em um fim, esquecendo que só pode ser justificada na medida em que serve à obra do Espírito.

Daí, ensina-nos Santo Inácio de Loyola a suplicar a graça “do conhecimento interno de Jesuspara mais amá-lo e mais segui-lo” (S. Inácio).

“Conhecimento” que faz emergir aquilo que é o melhor em seu interior, a verdade da sua pessoa,para que você consiga ter uma visão ampla de si mesmo(a) e realizar-se da melhor maneira possível, ativando suas potencialidades. Cada um(a) é diferente, único(a), com saberes, expectativas, medos, ansiedades e desejos, pontos fortes e fraquezas, com seu ritmo e modos próprios de viver...

- Deixe ressoar em seu coração a voz de Jesus: “Tu és rocha firme, sobre a qual quero construir minha morada, em comunhão com o Pai e o Espírito Santo”.

Medoro, irmão menor-padre pecador

1 تعليقات

  1. E, pela Cultura de PAZ - entre as Comunidades. / Saúde e Paz meu prezado P. Medoro.

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