O Sínodo Eclesial a partir de Pedro

Igreja Católica no mundo inteiro está voltada para Roma, pela convocação do Papa Francisco para atualizar as diretrizes do Concílio Vaticano II, realizado há 60 anos. Muitas contribuições.

Quero destacar aqui, a reflexão do Diácono Rui, da Arquidiocese de Juiz de Fora, que, motivado pela Festa dos Apóstolos Pedro e Paulo, oferece um discernimento a partir dos últimos papas. Ei-lo!


Irmãos e irmãs,

O Senhor, sempre fiel às suas promessas, não nos deixou órfãos. Deu-nos o Espírito Santo, a Sagrada Eucaristia, os demais sacramentos, seus sucessores, os Apóstolos e, dentre todos, aquele a quem conferiu o mandato: "apascenta minhas ovelhas".

Na celebração da festa de Pedro e Paulo, colunas da Igreja, pudemos refletir "Levanta depressa" e "Combati o bom combate".

O primeiro tomou seu cinto, sua sandália, seu manto e partiu. Paulo, mesmo sabendo o que o esperava, também foi ao encontro de sua imolação.O que mais confortou a Pedro foi a palavra do mestre: "Simão, Simão, eis que satanás me pediu insistentemente para que você joeirasse como o trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, fores forte, confirme teus irmãos"(Lc 22, 31-32).

Em sua caminhada milenar a Igreja realizou muitos concílios, a fim de adequar a Verdade imutável às várias circunstâncias, momentos e culturas de seu povo.

No meado do século XX, houve outro homem enviado por Deus: João XXIII.Após muitos momentos de oração e contemplação, na certeza de que o Espírito de Deus o movia, convocou o Concílio Ecumênico Vaticano II.

No seu dizer a seus colaboradores, "Um exame de consciência da Igreja, a fim de que ela se apresentasse ao mundo como o Senhor desejou: pura, simples e santa"(Homilia na abertura do Concílio).

Tendo ocorrido sua páscoa, sucedeu-lhe Paulo VI, não menos santo e grande teólogo.Este, tendo re-convocado a magna assembleia de 2500 bispos e superiores gerais de toda a Igreja, deu continuidade aos trabalhos conciliares.

Após meses de sessões, encerrou os trabalhos dos Padres conciliares, tendo aprovado in totum todas as Constituições e demais documentos.

A exemplo do Concílio de Jerusalém, apresentou a toda Igreja a carta norteadora do munus apostólico:"Coube ao Espírito Santo e a nós decidir"...

O mesmo Espírito Santo veio sobre Francisco que não tem poupado esforços para conduzir a Barca de Pedro e desengavetar muitas propostas do Sacrossanto Concílio.Estamos em pleno trabalho visando o Sínodo de Roma, quando a Igreja que está em todo o orbe, foi convidada a participar ativamente.

Falam por aí em cisma, mas ele já está no meio de nós, não apenas velado, mas abertamente, pois sempre houve na Igreja adoradores daquele que divide.

Um bispo muito santo, Padre Conciliar, me assegurou que após um Concílio ou Sínodo, sempre ocorrem cismas.

Acho o cisma doloroso, mas ocasiona uma poda, pois caem as folhas que não estão unidas ao tronco da Videira Santa. Como ocorreu no Concílio, a grande maioria do Povo de Deus permaneceu em plena comunhão eclesial.

Sobre a saudável partilha do munus entre Pedro e o Colégio Episcopal, o maior teólogo da Igreja, Joseph Ratzinger nos orienta com sua grande sabedoria, pois participou das sessões do Concílio com muita influência sobre a assembleia, principalmente na elaboração da importantíssima Constituição "Lumen Gentium", sobre o Mistério da Igreja.

Além de grande teólogo, tornou-se também sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI, quando iluminou a Igreja com sua santidade e zelo.

Palavras suas à época do Concílio: "Dentro da unidade da Igreja, deve haver lugar para as Igrejas. Só a fé é indivisível e para ela está voltada a função unificadora do primado. Todo o restante pode ser diverso e pode, portanto, permitir direções diversas. Além disso, nas comunidades locais, não precisaria haver tanta uniformidade com Roma, assim como não houvera uniformidade na Igreja primitiva.Bastaria salvaguardar a unidade e não a uniformidade. Na escolha dos ocupantes das sedes episcopais poderia haver cartas de comunhão, como se verificava na Igreja nascente"(Joseph Ratzinger, in O Novo Povo de Deus. Cap IV, n.4, p.138).

Rezemos pelo Santo Sínodo o Credo Niceno-constantinopolitano!

Diácono Ruy Figueiredo Neves
Medoro, irmão menor-padre pecador

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