“Pazciência”

Enquanto certos nós não se desfazem, ciclos não cessam diante dos olhos d`água

A vida é tão rara para deixar de perceber que o tempo não para, mesmo sendo encontro entre as águas doces e as salgadas, as profundas e as rasas

Mesmo com os descompassos, com os mesmos mesmos e com tudo parecendo ou estando de fato revirado

Meio vago

De cabeça para baixo

Do avesso, por dentro e dos lados


Diante dos vácuos cortantes

Lâminas de aço

Quase tudo se apresenta mais frágil

Naufragável, no entanto, navegável


Criatura humana cresce quando se percebe mutável e descama no universo inundado por numerosos mistérios

Quando compreende que caminhar na escuridão sobre as chamas pode levar ao caminho da luz, que inflama...

Quando emerge no oceano da “pazciência” e se torna capaz de descansar a alma no travesseiro da calma, que abriga a consciência

Quando se torna marinheiro do amor, capaz de guiar o veleiro e navegar através de um peculiar mundo inteiro, sem temer os temporais espinhosos que alimentam o oceano do desespero

Ao aprender com o que se preocupar e guardar, e com o que deve deixar ir embora

Que vivemos no agora escrevendo pedaços de história

Que as escolhas são portas

Crescemos ao deixar de achar que tarde é cedo

Que cedo é tarde...

Ao nos tornarmos fortes e corajosos no caminho de cristal que suporta o peso do corpo e o que vai além do escopo perceptível

Ao procurarmos fazer o bem

Ao compreender e se abster das raízes e dos frutos do que é de sal

Ao escolhermos o lado certo no duelo entre o bem e o mal

Para os que se encontram com a “pazciência”, existem sim tempestades, onde as ondas batem fortemente, mas elas simplesmente não invadem e naufragam a embarcação, na qual o leme é o alicerce do coração.

Por Jhean Garcia

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