O último herói americano



Crescemos buscando heroísmo nas bancas. Não lembro de outro herói brasileiro surgido nos gibis. O único que li a respeito, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, estava no livro de história.

Nem dá para comparar o que um aluno do curso primário tem para estudar com aqueles que compra nas bancas para sonhar.

Já crescido, a Marvel se uniu a Sony e continuou a levar, para as telonas, Tarzã, Batman, Super-Homem e, mais uma vez, ficamos sem nossos heróis. Macunaíma, no máximo, negro sonso e feiticeiro, apenas virou enredo da Portela.

Há dois anos, em meio a selva política, onde muitos conspiraram, outros se calaram, e quem queria denunciar nos meios de comunicação recebeu um recadinho do patrão, "Melhor você tirar suas férias atrasadas!", foram ouvidos, ao longe, o rufar de um tambor.

Não era do Tarzan, era de Glenn Greenwald, outro americano, em meio ao modesto berro de poucos heróis brasileiros, que resistiram à farsa como Juca Kfouri e Paulo Henrique Amorim.

E no auge da exposição midiática da Lava-Jato, apresentação no Jornal Nacional do Power Point forjado de Dalton Delagnol, com Sergio Moro, sendo considerado "A Personalidade do Ano", pelo O Globo, ele ousou enfrentar toda essa tendenciosa conspiração.

Tão certo estava naquela ocasião, que quem defendia e estava preso, hoje lidera as pesquisas eleitorais para a presidência da República. E quem atacava, nem uma pré candidatura como quinta via alcançou diante da sua falta de credibilidade.

Agora, só nos resta agradecer a esse último herói americano. Sem super-poderes, enfrentou os falsos moralistas da República Federativa do Brasil com a cara, a coragem, um terno elegante e uma constituição debaixo do braço.

Diferente do John Wayne, que dizimou indígenas, do Rambo, que foi brigar com os vietcongs, do Soldado Ryan que ninguém encontrava entre os alemães, ele, sem dar um só tiro, manteve a esperança de um povo sobre a inocência de quem mais lhe concedeu, enquanto presidente, a esperança de viver em um país melhor.

Por José Roberto Padilha

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