Moisés, um exemplo para todas as vias


Desde que nascemos fomos catequizados a fazer o bem. O bem simbolizava o céu, dizia nossa mãe. A verdade, insistia nossas tias. A honra, a bondade e a dignidade, pregavam os padres e pastores.

Já o mau, ruim desde que nasceu, era quem dominava as primeiras cenas da maioria dos filmes. A receita, infalível, dura até hoje: toda a sorte de injustiça, roubos, sequestros e assassinatos são escalados para começar o jogo. Para irritar , não permitir ninguém deixar a poltrona em busca de vingança.

Para que no final, Ben-Hur, Batman, John Wayne, Bruce Lee, Jonh Wink e o Gudogan, do Manchester City, surjam para garantir um final feliz.

Colocar a medalha de ouro no peito dos heróis, do Guardiolia e dos cidadãos de bem.

Infelizmente, fora das telas não tem sido tão fácil assim para a bondade superarar a maldade.

Putin ainda consegue enviar, com todas as lições que as guerras nos deram, sua juventude em direção à morte. Do mesmo jeito que Lindon Johnson enviou a sua para ser perdida no Vietnã.

E alguns argentinos, desavisados de que o Rei do Futebol é um negro, e brasileiro, continuam a imitar macacos na Bombonera quando nos enfrentam. Na verdade, coitados, estão nos exaltando.

E nas bancas de jornais, as más notícias predominam, ocupam as primeiras páginas em seus varais a atrair curiosos.

Notícias das ações do Papa Francisco, essa santa criatura, se estampadas, não atraem um só olhar. Não vendem um só jornal.

Datena precisa de assaltos ao trem pagador, sequestros, engarrafamentos, assassinatos e enchentes no final da tarde para alcançar seu pico de audiência. A bondade, doações à Santa Casa de Misericórdia, essas não merecem misericórdia, não são exibidas por serem incapazes de segurar alguém na sala.

Desse jeito, nebuloso, desesperançoso, o mundo caminhava no domingo à tarde.

E quando a bola foi lançada em direção ao Moisés, no ataque do Fortaleza, e o zagueiro Nino, do Fluminense sentiu uma lesão e abriu o caminho para ele empatar a partida, a torcida toda se levantou e gritou: " Vai Moisés!"

E ele não foi. Deixou a bola e foi ficar ao lado do seu adversário abatido. Prestar apoio e solidariedade mesmo sabendo que outra oportunidade igual aquela dificilmente aconteceria.

E sabia que seu clube jogava em casa e ocupava a zona de rebaixamento. E se a torcida, a audiência do Datena e as sinopses diziam aos seus ouvidos para ir, ele ficou.

Escutou no cantinho do seu coração um apelo que remetia aos apelos dos nossos avós. E contrariava todas as rachadinhas, orçamentos secretos, a falta de respeito do PSDB em respeitar as suas próprias prévias.

Enquanto o universo político se debruça sobre a terceira via, Moisés, lá de Fortaleza, mesmo precisando desesperadamente dos três pontos, concede o maior exemplo de humildade a todas as vias.

Certa vez, foi Moisés que abriu o mar para que seu povo seguisse à terra prometida. Desta feita, foi a vez do seu xará fazer o seu povo refletir sobre se estamos fazendo por merecê-la.

Parabéns!

Com todo o respeito...

Estava tomando o meu suco de frutas. E não pude deixar de admirar como ele se encaixou dentro do meu caneco de estimação.

Devemos ao Fluminense a mais bonita mostra que uma galeria de arte poderia emoldurar o Maracanã.

Sem as três cores, que traduzem tradição, o palco sagrado do futebol mundial não teria o privilegio de exibir na mesma mostra, amistosa ou valendo os três pontos, o verde, da esperança, em meio ao pó de arroz, da paz, conduzido pelo sangue dos Guerreiros aos gramados.

Com todo respeito , com já dizia Vinícius de Moraes, que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental.

Fora da Libertadores? Ameaçado de deixar a Sul-Americana?

A arte basta por si mesma.

Saúde!


Coluna José Roberto Padilha
Imagens: Reprodução

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