Expectativas – Parte VI


Somos todos sobreviventes na engrenagem do mundo selvagem. Todos nós possuímos histórias, derrotas e vitórias, entretanto, mesmo com os espinhos espalhados pelos caminhos compensa não perder o encanto e emitir os melhores cantos, cantos de pássaros leves nessa existência breve.

Costumo dizer que: “se a vida é breve, não compensa não ser leve”.  O que mais importa são quais bagagens decidimos enterrar, deixar para trás, espalhar pelos caminhos e carregar durante a viagem.

Uma das coisas capazes de afetar a nossa existência e a alheia, são os impulsos, mas até estes podem ser trabalhados, principalmente com a resistência aos mesmos e com a espera, o tempo passa e o equilíbrio se torna capaz de equalizar melhor as coisas colocando-as em seus devidos lugares de forma mais eficaz.

A paciência é a anuência para a paz. A sabedoria ensina que vivemos melhor ao aprendermos quais batalhas podemos e devemos enfrentar, a hora de falar e o momento de fazer silêncio, de se calar para acalmar o mar que reside em cada universo humano.

O equilíbrio nos ensina a diferença entre lutar e brigar, nos ensina a relatividade entre o perder e o ganhar.

Por vezes se faz necessária toda uma reestruturação do eixo da balança do equilíbrio para que se possa transformar trevas em luz com perfectível brilho.

A busca por equilíbrio envolve avaliar melhor os filtros e olhar mais para os próprios calos, para o próprio umbigo.

Isso não representa dizer que os melhores caminhos nos levam ao egocentrismo, pelo contrário, buscar compreender melhor a si mesmo e se lapidar nos molda para os cenários contrários aos maiores abismos.

A sabedoria e o equilíbrio são grandes professores que ensinam a compreender mais sobre os falsos moralismos e as lanças dos cinismos.

No cenário da vida humana compreendemos que podemos ser felizes, mesmo sabendo que em determinados momentos sofreremos por sermos quem e o que somos.

Nesse contexto, percebemos que quanto mais o tempo passa, mais feridas teremos, que as feridas internas são as que mais sangram e demoram para cicatrizar, que as cicatrizes tingem a pele, mas que com elas podemos aprender grandes lições e sermos mais fortes, mais tolerantes, menos arrogantes, menos ignorantes.

Com os banhos de gelo da caminhada existencial compreendemos melhor a diferença entre o bem e o mal.

Que o mal oferece abismos, abismos fantasiados de paraísos, e que o bem a cada gesto benevolente abre um portal que transcende transformando humano em gente.

As fissuras internas são as mais difíceis de contornar e as que mais comprometem as estruturas, mas são as que mais propiciam o aprendizado capaz de mudar o estado do ser humano, são essas fissuras que nos ensinam as dores das amarguras e os deliciosos sabores das doçuras.

De forma alguma o sofrimento pode ser considerado sinônimo de felicidade, entretanto, determinadas vivências nos tornam capazes de compreender melhor o significado da resiliência construtiva positiva.

Vale destacar que os pequenos detalhes e ações rotineiras se mostram tão impactantes ou mais do que um ato tempestivo pontual.

Em muitas ocasiões algumas lutas são ganhas e perdidas por pontos, findando no mesmo desfecho que um combate definido em um único ou em poucos golpes.

Para compreendermos mais os comportamentos e anseios humanos, precisamos olhar com atenção para os pensamentos. Os pensamentos desenham os cenários da realidade.

A inteligência sem sabedoria e equilíbrio torna-se capaz de transformar urgências em emergências, oportunidade de felicidade em frustração, pássaro em dragão. 

O pensamento dita o tom da ação. O pensamento é o elemento que transita entre a razão e a emoção.

Através dos pensamentos e da forma de ver o mundo, é possível compreender o porque de tantas pessoas criarem altas expectativas, que quando não correspondidas são capazes de gerar frustrações.

Através dos pensamentos refletimos, lemos escritos, construímos pontes e muralhas, proporcionamos farturas e migalhas, optamos por perdoar ou guardar mágoas, por sermos coniventes ou convenientes, por continuar ou terminar, por permanecer ou mudar.

Os pensamentos e sentimentos quando não domesticados tomam as rédeas na medida em que crescem. Sem a inteligência voltada para a sabedoria, alicerçada na inteligência emocional, nos tornamos seres mais propensos a distorcer a realidade, a enxergar o mundo com lentes foscas de hipocrisia, a nos tornar seres ignorantes que de fato ignoram alicerces primordiais como: educação, ética, moral, benevolência, empatia e até mesmo as mais belas poesias.

Sem sabedoria, além de alimentarmos expectativas negativas podemos ficar atrelados nos embaraços de passados indesejados e ao futuro ansioso que na verdade será um agora.

O ontem já não é o hoje e o amanhã não é o agora. O agora transborda e vigora. A nossa morada é o agora.

Compensa e muito buscar compreender melhor a linha cruzada entre ilusão e realidade, entre infelicidade e felicidade, esferas relativas, mas que exercem significativas influências nas vidas.

Na balança do prazer e da dor, o essencial é buscar encontrar um bom equalizador. Refletir, tirar um tempo para se observar e o mundo ao nosso redor, nunca será algo sem valor e que não trará resultados significativos.

Por vezes um ator precisa sair de cena para desempenhar melhor o seu papel. Existem silêncios capazes de equilibrar o pêndulo e de emitir frequências maiores do que trombetas.

A sabedoria ensina que o mundo das ações é uma comporta onde transitam as emoções, os pássaros e os dragões.

Na escola e na escala das ações, tiram as melhores notas os que verdadeiramente se importam e os que vivem das melhores formas.

Toda grande reforma abre portas de dentro para fora e transforma. Reflita e procure viver melhor as coisas simples da vida, vida que é pura poesia em forma de energia.

Viva e lembre-se que viver é mais do que sobreviver, procure compreender que por mais conflitos e desigualdades que possam existir, o mundo é na verdade uma grande família, e que o bem vence nesta luta contra as raízes do mal em uma guerra dolorida. Seja forte e corajoso. Não se apavore nem desanime.

Por Jhean Garcia
Imagem: Santa Garcia

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