Advento no Ano de São José

A Igreja inicia nesta semana o seu novo Ano Litúrgico, com o Tempo do Advento: quatro semanas antes do Natal.

Nesse ano coincidindo esse início com a Novena de Encerramento do Ano de São José, desde ontem, 30 de novembro, até à Solenidade da Imaculada Conceição, no próximo dia 8 de dezembro.

Em nossa Paróquia de São José Operário, a sua imagem começou a percorrer os seus bairros. E ontem iniciamos essa Peregrinação Josefina na Avenida do Contorno, levando a imagem às casas das pessoas marginalizadas e excluídas que sobreviverem em situação de prostituição.

E no final dessa peregrinação celebramos a Eucaristia do “Cordeiro que tira o pecado do mundo”.

Nesse gesto pastoral buscamos aprender com São José o dever da inclusão, quando acolheu a Maria, grávida de Jesus, com quem ele não havia coabitado, reconhecendo nele o Filho de Deus (Cf. Mt 1,18-25).

Somos inspirados pelo seu testemunho a superar a autossuficiência arrogante e moralista, a reconhecer que não somos “anjos”, mas pecadores que devem buscar o perdão sem a presunção de “atirar a primeira pedra” (Jo 8,7).

E assim, crescermos na fé josefina parano dia 8, com ele, contemplarmos a Imaculada. E daí buscar em cada pessoa o/a filho/a de Deus, que o pecado não pode negar, pois, o trigo no tempo certo será colhido sem o joio (Mt 13,24-30).

E mais. O Advento, além de nos preparar para a celebração do Natal, tem também um significado escatológico: quer nos preparar para a segunda vinda de Jesus Cristo, quando levará a termo a salvação da humanidade.

O Advento recorda a dupla vinda do Senhor, isto é, a vinda entre os homens e a vinda no final dos tempos. Isso nos autoriza dizer que o Advento é tempo de alegre expectativa.

E é, por isso mesmo para todos nós, como foi para São José, momento de forte mergulho na liturgia e na caridade, pois o Senhor que veio e virá, já está vindo sempre nos pobres e excluídos (Mt 25,31-45). É tempo de espera e de esperançar!

Podemos então afirmar que o Advento recorda a dimensão histórica da salvação, evidencia a dimensão escatológica do mistério cristão e nos insere no caráter missionário da vinda de Cristo. Jesus, que de fato se encarna e se torna presença salvífica na história, confirmando a promessa e a aliança feita ao povo de Israel.

Deus, ao se fazer carne, plenifica o tempo (Gl 4,4) e torna próximo o seu Reino (Mc 1,15), na evangelização dos pobres, no perdão dos pecados, e na libertação dos oprimidos (Lc 4,18-19).

Recorda também o Deus da revelação, Aquele que é, que era e que vem (Ap 1,4-8), que está sempre realizando a salvação, mas cuja consumação se cumprirá no final dos tempos.

Deus é fiel às suas promessas: o Salvador virá! Daí a alegre expectativa, que deve, nesse tempo, não só ser lembrada, mas vivida, pois aquilo que se espera acontecerá, com certeza.

Portanto, não se está diante de algo irreal, fictício, passado, mas diante de uma realidade futura e atual, que se concretiza na convivência familiar amorosa, na cidadania ativa, no profissionalismo responsável, na justiça social e no amor-serviço aos demais, conforme o exemplo de São José.

A esperança da Igreja é a esperança de Israel, já realizada em Cristo, mas que só se consumará definitivamente na parusia do Senhor. Por isso, o brado da Igreja nesse tempo é "Maranatha"! Vem, Senhor Jesus!

O Advento também é tempo propício à conversão. Sem um retorno de todo o nosso ser a Cristo, não há como viver a alegria e a esperança na expectativa da Sua vinda.

É necessário que preparando as casas, as igrejas e as cidades para o Natal “preparemos o caminho do Senhor" nas nossas próprias vidas, lutando contra o pecado; o que implica no reconhecimento dos “enfeites” que faltaram durante o ano que passou.

O enfeite do perdão, do discernimento, da alegria, da humildade, da reconciliação, do cuidado dos pobres; da reflexão bíblica e tantos outros enfeites que nos engajam no Advento de forma consciente da opção feita por São José e que como ele fizemos por Jesus Cristo.

A Igreja reserva-nos, como Deus reservou a São José, uma oportunidade de conversão, oração, convivialidade, fraternidade, solidariedade e esperança por meio desse tempo do Advento. Destaco aqui,o apelo das cestas básicas para as centenas de famílias dos desempregados.

As quatro semanas que nos separam do Natal é o tempo da renovação do compromisso de aceitar, de forma definitiva, como São José, o Salvador, Jesus que vem, especialmente nos pobres.

E com o gesto de caridade, a alegria desse encontro com o Salvador que nos vem:“Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo eu vos digo: alegrai-vos! Que a vossa bondade seja conhecida de todos! O Senhor está perto”(Fil4,4-5).

Medoro, irmão menor-padre pecador

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