Um país fechado para a Educação

Fechei os olhos e imaginei essa triste noticia ocorrida quando era garoto. E estudava no Rui Barbosa. O anúncio do falecimento de um Álvaro Augusto Junqueira, um cidadão ligado de corpo e alma com a educação, enlutaria toda a cidade de Três Rios.

Continuei de olhos fechados e vi o corpo sendo velado no seu pátio. Filas enormes de alunos, seus pais, políticos e empresários a render homenagem àqueles diretamente ligados com o aprendizado dos seus filhos.

Era decretado ponto facultativo.

Lendas como Joel Monnerat, Professor Hermelindo, Delfino Monteiro, entre tantos, eram cultuados e admirados por sua nobre missão. Um tempo em que o professor era respeitado em nosso país.

Quando resolvi abrir os olhos, encontrei os portões da escola fechados. Em tempos de Coronavírus, normal que evitem aglomerações. Porém, o simbolismo daqueles portões lacrados sintetiza o descaso com que nossos mestres passaram a ser tratados.

"Quando crescer, você quer ser o que na vida?". Esta pesquisa foi feita há alguns anos pela TV Rio Sul. A maioria absoluta disse querer ser médico, dentista, engenheiro, arquiteto e advogado. Quem tinha vocação pro magistério, ficou com vergonha de estar fora de moda. E respondeu: Fisioterapeuta!

Todos os dias a sociedade esquece que para ser o que querem que seu filho seja, nunca um professor, eles, depois de sair de casa, vão cair nas mãos de um professor. Precisam passar por eles antes que não precisem ser um deles.

Salários baixos. Conceitos e distinções as mais fracas possíveis. O tempo, o capitalismo selvagem, colocou a sabedoria em segundo plano.

A maneira discreta com que uma cidade se despede de um filho que traz no DNA as marcas da educação, mostra o quanto ela perdeu sua educação.

Se nem dão mais bom dia no elevador, pedem benção aos seus pais, como vão perceber que o Gugu merecia a Banda Primeiro de Maio ir à frente de um cortejo que, saindo do colégio, baixasse as portas do comércio em respeito por onde passasse.

Nos perdoe, meu amigo apaixonado pelo Fluminense, sempre postado à espera do Silvano, após cada Fla x Flu, pela falta de educação em que fomos envolvidos. E que não alcança mais o valor que vocês, professores, tem para as nossas vidas. As vidas dos nossos filhos.

Descanse em paz.

Por José Roberto Padilha

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