Quando a notícia vira espetáculo



Desde o acidente aéreo que vitimou Marília Mendonça, a web vem debatendo a postura midiática frente à cobertura de eventos trágicos.

Não apenas da imprensa dita tradicional, na TV e nos jornais com seus repórteres e apresentadores renomados, mas também da internet com seus milhões de palpiteiros e ‘influenceres’. Onde a empatia aos familiares? Onde os limites da ética e do bom senso? – interroga-se, com toda razão.

Dentre os abusos, a veiculação e o compartilhamento de fotos e vídeos desnecessários, como do momento em que o corpo da cantora, envolto por alumínio, revela suas roupas. Aconteceu o mesmo após a morte do sertanejo Cristiano Araújo, em 2015.

O clique, porém, foi mais dramático: tratava-se de sua imagem no IML (imagem real, diferente das fakes divulgadas recentemente, alardeando serem da eterna rainha da sofrência).

Lives acompanhando o resgate, igualmente não faltaram. Teria sido preocupação pela utilidade pública ou apelo por engajamento?

Neste contexto, o que leva internautas a publicarem, em meio à dor e ao luto, que jamais ouviram falar da pessoa ou detestavam seu gênero musical? Em que acham que acrescenta tal informação?

O auge, no entanto, ficou por conta da “homenagem” escrita por um jornalista da Folha, que errou feio na mão ao afirmar que Marília nunca foi boa cantora, que lutava contra a balança e, antes da dieta, não era “atrativa” para o mercado.

Aliás, já viram o obituário de um homem redigido desta forma? Triste profissional. Triste mídia. Infelizmente, ainda teremos muito disto porque, apesar das justas críticas, tais abordagens recebem ibope.

E os fatos da vida real, conquanto melancólicos, seguem sendo espetáculo, performance e produto. Até quando? Eis a questão...
 
#bomdia #bomfimdesemana

Por Daniele Barizon
Imagem: Reprodução / Internet

Comentar

Postagem Anterior Próxima Postagem