Outros Orixás - Parte IV

Iku 

Em colunas anteriores, foi ressaltado o entendimento que o espírito “vive” em processo permanente de evolução através das suas várias experiências na Terra, em vários corpos e personagens com os quais ele precisa cumprir as suas diversas jornadas no planeta das provações.

Significa que num dado momento o corpo o qual foi designado a servir de vestimenta para o espírito, após o tempo permitido para a sua sustentação física, definido previamente no livro do destino, finda os seus sinais vitais. Este corpo morre.

O momento do desenlace, do rompimento que formaliza o fim da parceria entre o espírito e o corpo é uma tarefa atribuída ao orixá IKU. A morte.

Se considerarmos a necessidade das constantes experiências, em tempos diferentes, as quais o espírito precisa vivenciar para evoluir, a morte se faz necessária.

A morte é um estágio da vida. É uma das leis do universo.

Só não há morte onde não há vida. A única variante é o tempo atribuído à permanência neste planeta.

Somente no momento do retorno do espírito ao Orum, com a chegada de Iku, é que os orixás do indivíduo se afastam do seu Ori, pois a sua missão, durante o trânsito do espírito encarnado, terá sido concluída não havendo mais como atuar na vida do ser humano em questão diante do domínio de Iku, no encerramento de mais um ciclo de experiências.

Diferentemente de quando a jornada do espírito está em plena fase de experimentação, quando os orixás influenciam efetiva e permanentemente no comportamento do indivíduo, atribuindo-lhe suas características conforme a missão Cármica de cada um, estimulando os seus movimentos de acordo com o seu roteiro de experiências e aprendizados a serem adquiridos.

Iku pode atuar em qualquer fase de materialização em que o espírito se encontra. O momento vai depender do tempo que este espírito necessita de uma vestimenta física, associado ao aprendizado que a ele cabe, quando aprovada a sua experimentação corpórea.

Muitas vezes, não se faz necessário que o espírito tenha uma longa jornada na terra. Não raro um curtíssimo período que pode levar, segundos, minutos, horas ou poucos dias. Outras vezes, não precisará passar da condição embrionária ou fetal. Seja por desistência da missão.

Seja por alguma pendência relacionada ao entendimento quanto a necessidade de encarnar. Seja para transmitir alguma mensagem com a finalidade de proporcionar algum aprendizado aos espíritos dos seus sanguíneos, ou para uma reflexão social.

Fato é que, a composição da coroa espiritual pode variar conforme a missão corpórea do espírito. Esta define os orixás que os auxiliarão na experiência carnal, numa combinação que pode convocar poucas ou várias divindades para o compor o Ori.

Porém, findada a missão do espírito apenas um orixá tem o poder de atuar no seu regresso ao Orum, independentemente da cor da pele, da idade, da condição física, da condição social, da missão ou do aproveitamento da experiência no seu transitar pela terra.

Viver, sob a condição humana, é perceber que os opostos fazem parte da vida e muito nos ensinam. O velho e o novo. O começo e o fim. O rico e o pobre. O preto e o branco. A alegria e a tristeza. O céu e a Terra. O alto e o baixo. O dia e a a noite. E por aí vai.

Fala sobre, e considerar a realidade da morte não é uma das mais agradáveis tarefas para uma espécie emocional.

Contudo, refletir sobre o sentido do oposto pode ser uma maneira mais suave para começarmos a lidar com a certeza que a chegada de Iku nas nossas vidas é inevitável, mas não é o fim. É apenas mais uma referência do oposto. A Chegada e a partida.

Por Graça Leal

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