Outros Orixás - Parte III

Orumilá


Diferentemente da matéria, ao espírito, no entendimento religioso, em geral, é atribuída a eternidade. Este, usando uma vestimenta física, encontra-se, permanentemente, em processo de evolução.

Dentro do contexto de experiências para o seu crescimento, como forma de corrigir erros, aprimorar-se e galgar degraus em busca da purificação entendo que algumas lições já estão escritas no roteiro de provações do espírito, quando encarnado.

Não é um devaneio considerar haver um livro individual e sagrado sobre a trajetória do espírito e nele constar registros estratégicos prévios. Situações específicas a serem vivenciadas as quais demandarão a prática do aprendizado supostamente já adquirido. Como se fosse uma prova para avaliar o seu nível de conscientização da necessidade das mudanças de atitudes que possam qualificar a sua essência, frente a convivência com os seus semelhantes, pautadas numa troca harmônica e justa. Situações que exigirão um comportamento diferente de como “o espírito” se comportou quando não passou no teste em outras oportunidades, bem como exercitar a sensibilidade diante de cenários onde poderá reiterar práticas de sucesso e poder compreender o verdadeiro sentido do seu progresso.

“Está no destino do espírito passar por determinadas experiências e provocações a fim de que ele possa mostra-se melhor do que na oportunidade pregressa.”

O Objetivo não é só experimentar dificuldades, como uma espécie de ônus. Mas também vivenciar prazeres, como um bônus, por mérito pelos feitos acertados. Um estímulo e reconhecimento por parte dos seus protetores superiores.

Orumilá, o Senhor do Destino, é o detentor dos segredos dos caminhos de cada indivíduo os quais ficam registrados no livro pessoal, onde cabem ajustes, e no livro sagrado do infinito.

Este orixá tem como o seu porta-voz o Ifá. Oráculo africano que, via os búzios, os quais, normalmente, são utilizados nesta prática de leitura/adivinhação, no Brasil, transmite, dado o posicionamento dos mesmos no jogo, o que está escrito no destino do consulente.

Na doutrina espírita (Allan Kardec), a reencarnação é uma escolha individual, mas com a devida permissão dos superiores. Um acordo entre o espírito em questão e os seus orientadores do plano divino. Essa decisão dá-se quando, após o desenlace, respeitado o tempo da readaptação ao lar celestial para um descanso, uma revisão, uma autocritica sobre a sua passagem pela Terra (planeta das provações) o espírito conclui que há a necessidade de ter uma outra oportunidade na vida corpórea, após uma reflexão sobre o seu desempenho nas experiências anteriores.

Levando em conta que o espírito identifica as suas fraquezas, imperfeições, omissões, inconveniências, injustiças, e opta por tentar de novo, podemos considerar que muito dos nossos sofrimentos e alegrias, realizações e frustrações, perdas e ganhos foram registrados no livro do destino de cada um de nós, sem o nosso conhecimento prévio, quando acordada a volta à vida material para mais uma etapa neste processo de evolução da essência divina que nos habita, apesar da condição humana.

O charlatanismo é real. Contudo, há pessoas sérias, sensitivas, com o dom da vidência, escolhidas por Orumilá, que recebem o seu axé e, através de vários oráculos (podemos incluir, além dos Ifá, as cartas, a borra de café, as runas etc) conseguem desvendar alguns dos mistérios da jornada do espírito, neste planeta de provações.

De uma maneira ou de outra, “sempre somos os responsáveis pelos nossos atos.” E vivemos sob as suas consequências.

Por Graça Leal

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