Dia do Professor: data pede reflexão sobre desvalorização dos educadores

O dia 15 de outubro é marcado no calendário nacional como Dia do Professor. Um dia dedicado a homenagear essa profissão tão importante no crescimento e no desenvolvimento de todos os seres humanos.

Ser professor é ser formador de todas as outras profissões. É esse profissional que alfabetiza e ensina as principais áreas de conhecimento às pessoas. Ser educador é ser exemplo e inspiração para crianças, jovens e adultos.

O professor é peça chave para se fazer cumprir o direito constitucional à educação. No entanto, são muitos os desafios vivenciados por eles diariamente. Para Renata Cristina, que é professora da rede pública de ensino há 27 anos, ser professor no nosso país é uma contenda constante.

Renata Cristina das Dores Alves, professora de Língua Portuguesa
 
“A oferta de uma educação de qualidade não é vista, por nossas autoridades, como um direito a que todos os cidadãos devem ter acesso. Por isso, vivemos um quadro de desvalorização e precarização do trabalho docente”, nos contou a professora de Língua Portuguesa, que hoje leciona no Ciep Professor Marcos Costa Reis Dutra, em Três Rios, e na Escola Municipal São João Batista, em Comendador Levy Gasparian.

Segundo ela, em muitos casos a infraestrutura dos ambientes escolares é insuficiente, as turmas acabam tendo mais alunos do que comportam, e para algumas disciplinas, faltam docentes, o que prejudica diretamente a qualidade do ensino.

Essa é uma realidade dura, vivida em escolas públicas de todo o país. No entanto, para Renata, ser respeitada profissionalmente e ver o sucesso dos alunos que passaram por ela, é o que torna o exercício da profissão gratificante.
 
Fabio Almeida, morador de Comendador Levy Gasparian, é professor de Filosofia há 24 anos, e entende a importância e relevância do educador na formação pessoal e social da juventude.

“Tento levar um pouco de reflexão a meus alunos, o mínimo que seja: ver o mundo a partir de outras perspectivas, esse deve ser nosso papel”, disse o docente, que hoje leciona em duas escolas de Três Rios, o Colégio Estadual Moacyr Padilha e o Colégio Estadual Condessa do Rio Novo.


Desafios trazidos pela pandemia

Durante a pandemia causada pelo coronavírus, o mundo teve que adotar novas práticas para que o curso da vida continuasse a seguir. Na educação, como em outras tantas áreas, a solução veio por meio da internet. O ensino passou a ser remoto e digital. E, por consequência, ainda mais instável.

“Primeiramente, é necessário considerar que o ensino remoto pressupõe, de certa forma, o uso de tecnologias digitais no processo de aprendizagem. Como a inserção das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação nunca foi realmente viabilizada no sistema educacional público brasileiro, seja pela ausência de oferta de formação aos professores para o uso dessas ferramentas, seja pela inexistência de uma política pública de inserção digital dos menos favorecidos, o ensino remoto para parte dos alunos da escola pública foi precário”, explicou a professora de Língua Portuguesa, Renata Cristina.

O professor de Filosofia vê no ensino remoto uma possibilidade interessante, mas também entende que este método demanda além de tecnologia, disciplina.

E traz consigo um novo desafio, “trazer essa nova geração para a possibilidade da reflexão sem a influência massiva das redes sociais”, que ele considera como ótimas, mas não em excesso.

Fabio Almeida, professor de Filosofia

Para Fabio, o mais gratificante de sua profissão é ver a mudança gerada na vida de seus alunos: “Saber que os ensinamentos levaram os alunos a ver o mundo de outra forma. Isso é incrível.”

Sobre o futuro da profissão mais importante do mundo, Fabio Almeida não espera mais nada em relação à valorização da ocupação: “A educação, classe desunida que é, acaba pagando o pato de governos inconsequentes. Sempre foi assim, continuará sendo. Não existe espaço para sonhos. A realidade é essa.”

De acordo com um estudo realizado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o salário anual do professor no Brasil é quase 50% inferior à média dos outros 37 países da organização.


Aposentadoria e a certeza de bons frutos plantados

Clarice Rodrigues, professora de Inglês, se aposentou no último ano, e durante os 28 anos que exerceu essa belíssima ocupação, lecionou na Escola Nossa Senhora de Fátima, em Três Rios, na Escola Estadual Municipalizada Guilhermina Guinle, no distrito de Bemposta, e na Escola Municipal Dra Maria de Lourdes Salomão, em Sapucaia.
 
Clarice Rodrigues, professora aposentada

Para ela, que tem as salas de aulas como uma realidade distante, o que ficou foram os laços criados, as experiências vividas e as amizades cultivadas.

Clarice passou por grandes desafios durante a docência, mas reconhece que se fez presente na vida dos alunos para além das classes, dando conselhos e incentivos, e é claro, o exemplo, de que é possível vencer e ser feliz fazendo aquilo que gosta.

O recado dela é simples: “Agradeço a Deus pela oportunidade desta excelente experiência e a todos os alunos e profissionais da educação que passaram pela minha jornada acadêmica.”

Por Luiza Vantine
Imagens: Arquivo pessoal dos entrevistadosfull-width

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