José, o homem do discernimento I

Retomamos nesta semana as reflexões sobre São José, Patrono da Igreja Católica e Padroeiro da nossa Paróquia. Como é sabido, esse ano é a ele dedicado, por se comemorar os 150 anos de sua proclamação como Patrono da Igreja.

E por isso, em todas as quartas-feiras – a ele dedicadas – estamos fazendo, sempre as 18 horas, o Terço de São José seguido das reflexões do Papa Francisco em sua carta sobre São José: Patris Cordis (Pai de coração).

E, também, no dia 19 de cada mês, também às 18 horas, a Missa Votiva de São José com a concessão da Indulgência Plenária.

E temos valorizado este espaço para compartilhar reflexões josefinas, com a colaboração do jesuíta Pe Adroaldo Palaoro. Nesta e na próxima semana, queremos com ele refletir sobre “José, o homem do discernimento.

“De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade” (Papa Francisco – Patris Corde)

Os relatos “da infância de Jesus”, nos Evangelhos de Mateus e Lucas, não são crônicas de acontecimentos, não são “história” no sentido que hoje damos à palavra. São “teologia narrativa”.

Os relatos bíblicos nos revelam que Deus dirige a história. Para isso se serve de pessoas eleitas. Cada vez que há um acontecimento importante na história da salvação, ali aparece um homem ou uma mulher como mediadores da obra de Deus ou transmissores de sua vontade. O acontecimento mais importante da história da salvação é o Nascimento do Filho de Deus.

Para “fazer-se homem”, Deus precisava de uma família. O nome de José está profundamente ligado ao mistério de Jesus.

E se o anjo é um sinal de que Deus se faz presente na vida de uma pessoa para comunicar-lhe algum de seus desígnios, Deus mesmo se fez presente a José, por meio de seu anjo. Segundo o evangelho de Mateus, José é a pessoa a quem primeiro lhe é revelado o mistério que sua esposa guardava em seu ventre.

Quantas coisas acontecem envolvidas pela noite e pelo mistério! Enquanto o agricultor dorme, na noite rompe-se a casca e cresce a semente lançada na escura terra, acompanhada de renovadas expectativas e esperança.

Tudo começa na noite: na noite dos pensamentos, dos corações, das intenções, das esperas, dos encontros. Eis o mistério, eis a noite! Ànoite, a nossa noite, é habitada por Aquele que vem.Até na noite da desolação, na solidão, no deserto, é possível encontrá-Lo.

Deus revelou seus planos a S. José através dos “sonhos”, que na Bíblia eram considerados como um dos meios pelos quais Deus manifestava sua vontade; hoje Deus manifesta seus planos através dos “sinais dos tempos”, que não se centram no sonho, mas na vigilância.Contemplando a noite de José, nosso coração se alarga até o assombro, nossos braços se abrem para a acolhida, nossos olhos se aquecem ao reconhecer Aquele que vem e na brisa pronuncia o nosso nome. Nas sombras da vida Ele se faz encontrar, na solidão revela sua presença, na fragilidade mostra seu rosto.

O mistério da Encarnação de Jesus, sem dúvida, significou também “a paixão vivida por José, esposo de Maria”. Momentos de angústia, de dúvida; momentos de obscuridade em seu coração; momentos de pura fé na palavra de Deus.José, assim como Maria, vai além da lógica e das condições humanas; também ele termina se apresentando como “o servo do Senhor”, dizendo em seu coração: “faça-se em mim segundo tua palavra”.Como a Maria, Deus também diz a José: “Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa”.

Há homens que são importantes não pelo que fazem, mas pelo que são no coração. Há homens que são grandes não por suas grandes ideias, mas por acolher a lógica de Deus, que quebra toda lógica humana. José foi o homem humilde como carpinteiro de um povoado; mas José foi grande por ser o “homem da fé”.

Em São José, a obediência se situa entre o escutar e o ver. Dizer “obediência” (de ob-audire) é afirmar a capacidade-dever de “escutar” humildemente a todos e a tudo. A obediência “é uma narração conjunta com Deus, daquilo que alguém via, ouvia e entendia, mais que uma submissão da vontade”.Do que foi dito, se conclui que a mística da obediência não é a mística da submissão, senão que, como em José, é a mística da responsabilidade; esponsabilidade que questiona a liberdade, não a que se fecha sobre si mesma, mas “em relação” que, para ser tal, deve evitar a unilateralidade da “escuta”.

Medoro, irmão menor-padre pecador



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