Longe de defender Lázaro. Muito, querendo deixar de ser um Lazarento.
Lazarento, segundo o Aurélio, surge de Lázaro, o leproso, e designa pessoas reles, baixas. De comportamentos idiotas.
Porque por mais que matasse, estuprasse e roubasse, Lázaro não passava de mais um problema social.
De um país que precisa redistribuir melhor a renda, dar equilíbrio aos lares país afora para que consigam dar afeto, abrigo, alimentação e educação aos seus filhos.
Para que não gerem novos Lázaros.
Mas nada dá direitos aos policiais que o capturaram de serem Lazarentos. Mesmo sendo treinados, alimentados e educados, tratarem seu corpo, enquanto a alma subia para ser purgada, como se fosse um saco de lixo.
E saíram para comemorar a captura, e a morte, como se marcassem um gol numa final de Copa do Mundo.
Pegaram o corpo de qualquer jeito, jogaram no camburão de qualquer jeito, e desnudaram o que somos. Sem retoques, sem patrulhas ideológicas, sem a presença da comissão dos direitos humanos.
Animais. Irracionais. Bárbaros e sua presa.
Racionais são os cães, gatos, bois, macacos...
A gente sabia o final, mas que ficamos abalados, ficamos, disse sua tia.
Eu sabia o final, só não sabia que havíamos chegado ao fim. Do jeito que começamos tudo.
Irracionais. Como o próprio Lázaro.
José Roberto Padilha
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