Psicomotricidade: conheça a ciência que pode mudar a vida uma criança



Desde a barriga da mãe, uma criança passa por diversas fases que encaminham o amadurecimento de seus movimentos. Após o nascimento — para se adaptar ao mundo —, ela começa a utilizar esses gestos conforme suas próprias necessidades, momento em que passa a criar consciência sobre seu corpo e desenvolver a coordenação.

Para que esse processo ocorra da melhor forma, a educação psicomotora é indispensável, já que, durante a infância, deve ser criada a base para um bom desenvolvimento funcional, que será aproveitado ao longo da vida da criança.

É exatamente a partir dessa educação que as crianças ganham o preparo para adquirir habilidades motoras, afetivas e cognitivas. Nessa tarefa, que envolve a introdução de atividades físicas que estimulam a consciência corporal — para que as crianças aprendam coisas básicas, como por exemplo, a situar-se no espaço —, os pais podem contar com o auxílio da psicomotricidade.

Nessa ciência, a premissa é de que a movimentação é o principal fator que favorece o aprendizado infantil. Nela, no entanto, há uma dupla finalidade envolvida no aspecto educacional psicomotor, que vai além dos benefícios físicos: o primeiro, claro, está voltado ao desenvolvimento funcional; o segundo é de ordem social e afetiva, pois é um meio que auxilia na interação da criança com o ambiente que o circunda.

Segundo Flávio Roberto Pereira Vieira, profissional de Educação Física com experiência em Psicomotricidade Clínica e Escolar, e que atende crianças com distúrbios de aprendizagem e necessidades especiais, a psicomotricidade promover o desenvolvimento de capacidades funcionais fundamentais do dia a dia, como noção espacial, equilíbrio, força, agilidade, tomada de decisões, raciocínio, noções de tempo etc.

“A coordenação motora ampla e fina, trabalhadas na psicomotricidade, podem influenciar, inclusive, as futuras profissões dessas crianças. Um cirurgião, por exemplo, depende de uma boa motricidade fina aliada a boa capacidade óculo-manual. Um garçom depende de um bom equilíbrio para carregar uma bandeja cheia de coisas...”, comenta Flávio.

Na psicomotricidade, a prática dos movimentos se dá principalmente por meio de atividades lúdicas, através das quais os pequenos podem conhecer suas possibilidades e limitações. Flávio, no entanto, diz que, apesar de ser mais utilizada em crianças, a psicomotricidade pode ser utilizada com adultos — principalmente os idosos —, e que esta também pode ser uma atividade voltada para crianças com algum tipo de distúrbio de aprendizagem ou patologia.

A utilização da psicomotricidade clínica em geral está relacionada a distúrbios ou transtornos que interferem no processo de aprendizagem ou desenvolvimento motor. Suas aplicações mais recorrentes são terapia com bebês prematuros (estimulação precoce), tratamento do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), autismo, Síndrome de Down, dentre outros. Além disso, pode atuar também na prevenção de problemas posturais e obesidade.
Na psicomotricidade, são trabalhados diversos elementos psicomotores, que juntos corroboram para que a criança tome consciência de si própria, de seu corpo e do espaço que ocupa no mundo.

Dentre eles, pode-se destacar o ‘esquema corporal’, que consiste no conhecimento pré-consciente que a criança tem com seu próprio corpo; a ‘imagem corporal’, considerada a representação mental inconsciente que a criança começa a ter em relação ao próprio corpo; e a ‘organização espaço-temporal’, que diz respeito à capacidade da criança em se orientar e se movimentar de maneira adequada dentro do espaço e tempo.

A ‘motricidade fina’, outro desses elementos, é fundamental para desenvolver a capacidade da criança de efetuar movimentos coordenados usando os grupos musculares. Aqui, são trabalhados exercícios de coordenação motora que avaliam se o aluno tem alguma dificuldade que precisa ser trabalhada ou mesmo se há alguma habilidade em potencial. Outro aspecto interessante trabalhado é a ‘lateralidade’, que desenvolve a capacidade do uso dos dois lados do corpo ao mesmo tempo.

A partir do ‘tônus muscular’, é possível identificar se a criança é capaz de manter a tensão fisiológica dos músculos em qualquer posição do corpo — em movimento ou parado —, além de permitir identificar características físicas e emocionais, como manias, ansiedade, hábitos, timidez etc.

“É gratificante contribuir para o desenvolvimento de tantas crianças, seja na reabilitação ou na prevenção de possíveis problemas. O desenvolvimento das capacidades psicomotoras é, de fato, fundamental para nossa eficiência nas tarefas da vida diária, como no colégio, no trabalho ou até mesmo nos momentos de lazer”, conclui Flávio.


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