Sabemos que a Umbanda é uma religião brasileira e que a sua doutrina foi influenciada pelos fundamentos do Catolicismo, do Espiritismo e do Candomblé. Muitos Templos, ainda nos dias de hoje, seguem, rigorosamente, a prática da doutrina conforme a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Em todos os Templos de Umbanda, há um Congá, altar sagrado, com imagens dos Santos Católicos que representam os Orixás do Candomblé, dado o sincretismo. Contudo, não vamos encontrar em todos os Templos umbandistas uma mesa coberta com uma toalha branca e com uma flor branca no centro onde são reunidos alguns médiuns, entre outras demandas mediúnicas, para uma corrente de orações que abrirá a sessão a fim de dar início aos trabalhos efetivamente. Médiuns à volta de uma mesa branca é parte do ritual do Espiritismo de Kardec.
Vale ressaltar que o branco é a cor das vestes do corpo mediúnico de um Templo, pois nos remete à pureza e à paz.
Por praticarem seus ritos sob uma forte influência dos fundamentos do Candomblé, o termo “Terreiro” é mais usado como referência aos Templos cuja a atividade sob a doutrina umbandista privilegia algumas peculiaridades desta religião de matriz africana. Os trabalhos mediúnicos nestes Terreiros vão além do atendimento com caboclos e pretos-velhos, se levarmos em conta a doutrina base que pautou a fundação da Umbanda através do médium Zélio de Moraes.
Muitos Terreiros se utilizam, por exemplo, do atabaque, instrumento de percussão, sagrado para os praticantes da doutrina, trazido pelos escravos e reverenciado nas giras. É através do som do atabaque que a comunicação com o divino acontece e, juntamente com os pontos cantados, tem como função invocar os espíritos e promover a vibração das energias dos Orixás, no ambiente.
Em alguns terreiros, cuja a linha de trabalho segue a influência do Candomblé, além do branco, é permitido que os médiuns vistam roupas nas cores correspondentes aos Orixás que regem os espíritos que os incorporam.
É importante destacar a diferença entre espíritos e Orixás. Os espíritos tiveram um corpo. Uma passagem pela terra. Foram humanos como nós. Os orixás são energias que representam as forças da natureza. Para exemplificar, o preto-velho é o espírito de um escravo que desencarnou, que morreu, velho. Iemanjá, como exemplo, é um Orixá, é uma força divina da natureza representada pelo mar. Não teve vida humana. Não é um espírito.
Devido as diferenças na prática da doutrina umbandista, dada a influência que cada Templo recebeu como forma de direcionaro culto à religião, surgiram os termos: “Umbanda Branca e Umbanda Traçada”.
A Umbanda Branca se caracteriza pela prática da doutrina que sofreu maior influência do Espiritismo. A Umbanda Traçada se caracteriza pela influência mais acentuada do Candomblé.
A Umbanda “branca” têm o seu culto voltado para a incorporação dos espíritos, mas também reverencia os Orixás que comandam a linha de trabalho dos espíritos que se manifestam nas sessões umbandistas.
A Umbanda “traçada”, além do culto voltado para a incorporação dos médiuns, algumas peculiaridades do Candomblé são praticadas nos Terreiros como, por exemplo, as oferendas. Cito, em especial, a “comida para o santo” cuja a finalidade é buscar vitalidade física e espiritual através do alimento oferecido ao Orixá, entre outros rituais específicos como forma de reverenciar e interagircom as forças da natureza e receber boas energias.
Diferenças, no rito, à parte, a proposta da Umbanda é única para todas as suas vertentes: Caridade e Fraternidade.
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Por Graça Leal
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