Festas de Fim de Ano: como evitar a alimentação em excesso sem abrir mão do prazer


Nutricionista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição explica por que exageramos nas ceias e dá orientações práticas para aproveitar as celebrações com equilíbrio

Mesas fartas, pratos tradicionais cheios de sabor, encontros em família e uma rotina fora do comum fazem das festas de fim de ano um período de muita alegria e união, mas também, especialmente, propício aos exageros alimentares. Segundo a nutricionista Daiane Dias, do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição, o consumo excessivo não acontece por acaso: ele é resultado de uma combinação de fatores ambientais, emocionais e comportamentais típicos dessa época.

A abundância de comida e a grande variedade de opções estimulam a repetição, enquanto emoções como nostalgia, alegria dos reencontros ou até o estresse acumulado favorecem o “comer emocional”. A isso se soma a pressão social, os convites insistentes para “comer mais um pouco”, e a quebra da rotina, com menos sono, consumo maior de álcool e horários irregulares de alimentação. “Esses elementos reduzem a percepção de saciedade e facilitam que a pessoa coma além do que o corpo precisa”, explica a nutricionista.

Para evitar exageros sem perder o prazer da celebração, Daiane destaca que o equilíbrio começa antes mesmo da ceia. Manter as refeições habituais ao longo do dia, hidratar-se bem e consumir alimentos ricos em fibras ajudam a chegar ao evento com menos fome. O planejamento também faz a diferença: escolher previamente os pratos favoritos pode evitar a alimentação automática de tudo o que está à mesa. “Não é sobre restrição, mas sobre intenção. Comer com atenção melhora tanto a digestão quanto a experiência”, afirma.

Durante a ceia, a recomendação é montar o prato de forma equilibrada, priorizando vegetais e legumes, incluindo uma porção adequada de proteína e deixando os carboidratos em quantidades moderadas. Comer devagar, usar pratos menores e fazer pausas entre as porções ajudam o corpo a reconhecer a saciedade. A hidratação, especialmente intercalando água com bebidas alcoólicas (que devem ser consumidas com moderação), também contribui para o controle do consumo. A sobremesa não precisa ser proibida, mas pode ser apreciada em pequenas porções ou compartilhada. “Permitir-se comer o que gosta, com moderação, é mais eficaz do que tentar evitar completamente”, ressalta Daiane.

A composição dos pratos típicos das festas também influencia nos exageros. Alimentos ricos em gordura, açúcar e carboidratos refinados, como farofas, maioneses, carnes mais gordurosas e sobremesas cremosas, são altamente palatáveis e estimulam o desejo de repetir. Para equilibrar, a nutricionista orienta começar o prato pelas opções que costumam ser esquecidas, como saladas e legumes coloridos, escolher proteínas mais magras e deixar os alimentos mais calóricos em menor quantidade. “Quando o prato é bem distribuído, o prazer continua, mas o impacto no organismo é menor”, explica.

Outro desafio comum é lidar com a pressão social para comer mais. Daiane reforça que estabelecer limites de forma gentil é suficiente e não representa falta de educação. Frases simples, como dizer que já está satisfeito ou que vai repetir mais tarde, costumam funcionar. Manter o foco na conversa e na convivência, e não apenas na comida, também ajuda a reduzir a insistência. “Cuidar do próprio corpo não é desvalorizar o anfitrião, é um gesto de respeito consigo mesmo”, pontua.

Caso ocorram exageros, o corpo costuma dar sinais como estufamento, azia, sonolência, sede intensa e inchaço. Para aliviar o desconforto, a recomendação é apostar em hidratação, caminhadas leves, alimentos mais leves no dia seguinte e boas noites de sono. Dietas restritivas, jejuns prolongados ou soluções milagrosas devem ser evitados. “O organismo já tem mecanismos eficientes de autorregulação. O melhor caminho é retomar a rotina alimentar habitual, sem punições. Com escolhas conscientes e uma relação mais atenta com a comida, é possível aproveitar as festas de fim de ano com prazer, saúde e equilíbrio”, conclui a nutricionista do Hospital de Clínicas Nossa Senhora da Conceição. Assessoria HCNSC

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