Iniciamos o Ano Novo da Igreja, com o tempo litúrgico do Advento, inspirando-nos na reflexão “É possível...” de Dom Américo, Cardeal
Bispo de Setúbal.
“Gostava muito que, para todos nós, este não fosse mais um Advento, mais um Natal… antes pelo contrário, que seja «O» Advento, «O» Natal.O tempo consome-se tão depressa como uma vela acesa e, precisamos de parar e dar toda a nossa atenção, todo o nosso coração e capacidade de entendimento à maravilha que vamos viver, ao maior mistério da história da Humanidade.
A encarnação de Deus, isto é, Deus fazer-Se carne, homem como nós, é algo a que devemos prestar a nossa atenção, algo que nos deve comover e que pede capacidade de procurar entender a dimensão deste mistério.
A Igreja consciente da magnitude deste acontecimento, pede-nos que lhe demos pelo menos, quatro semanas do nosso tempo, como se assim pudéssemos fazer o caminho que nos leva à gruta de Belém. (...) Gostava muito que vivêssemos este Advento assim, conscientes do mistério, ajoelhados perante o Menino e felizes pela maravilha que nos acontece.
A revelação do Natal é anunciada desde a primeira noite… os pastores correram a Belém, os Reis Magos também. Porque no céu, brilhou uma estrela. Assim nos contam as Escrituras, assim nos mostrou São Francisco de Assis, quando construiu o primeiro presépio…
Bem sei que hoje parece impossível dissociar o Pai Natal carregado de presentes, deste tempo que nos é dado viver, ano após ano. Assim como é difícil manter a pureza de outros Natais, em que os presentes cabiam todos num sapatinho. Mas é possível fazermos a nossa parte, enquanto homens, mulheres, jovens e crianças desta Diocese que habitamos.
É possível não deixar de fazer o presépio em cada uma das nossas casas. É possível fazer o presépio nas montras dos nossos estabelecimentos comerciais.É possível encontrar algum tempo do nosso tempo, para perceber a cadência das quatro semanas do Advento. Com coroas ou sem coroas, o que importa é a luz de quatro velas que se acendem, uma de cada vez e nos podem iluminar este Natal.
É possível não criar expectativas nas crianças, sobre brinquedos e mais brinquedos e, antes pelo contrário, plantar nos seus pequeninos corações, a semente da generosidade que se faz atenção aos que menos têm e dádiva de uma pureza que só os mais pequeninos conseguem.
É possível transformar ofertas materiais em visitas aos hospitais, às prisões, em sorrisos que não se compram, nem vendem. É possível ter um lugar vazio nas nossas mesas, disponível para quem nos bata à porta.
Tudo isto é possível fazer acontecer à nossa volta. Basta uma decisão firme de viver este Advento e Natal, como se fosse o único e não mais um.Mas não sou capaz de vos pedir, apenas, este olhar à nossa volta. Bem sei que já é muito, mas mesmo assim arrisco-me a ir mais longe.
Enquanto escrevo estas linhas, o mundo assiste à possível capitulação do povo ucraniano. Não sei como será vivido o Natal na Ucrânia, nem em Gaza, nem em Myanmar, nem em Cabo Delgado, Moçambique, na Venezuela, em tantos outros pontos do nosso mundo onde se vive a “Terceira Guerra Mundial aos bocadinhos” como nos dizia o Papa Francisco... Mas sei que há fome, há destruição, há medo. Há famílias desfeitas, crianças órfãs. A guerra foi, é e será sempre o pior de todos os males de que o homem é capaz. Porque anula, destrói e corrompe a dignidade humana, aquela a que todos somos elevados desde o momento em que nascemos.
E o Natal fala-nos de Esperança, de Alegria e de Paz. Como seremos capazes de viver a Esperança, a Paz, a Alegria do Natal, perante este mundo, face a acontecimentos que nos são distantes do ponto de vista pessoal ou familiar?Não tenho respostas fáceis, mas sei que estamos a terminar o Jubileu da Esperança.
Que nos pede essa capacidade de não desistir de anunciar, de amar, de cuidar dos outros.Também sei que o segredo da nossa Fé está no pedido que nos é feito, «Amar a Deus sobre todas as coisas», aparentemente fácil, e «Amar os outros como a nós mesmos» e aqui é que percebemos logo como é difícil.
Por isso, o que vos peço, e peço a Deus que me ajude, é sermos capazes de Amar verdadeiramente o Outro neste Natal. Que sejamos capazes de não esquecer a guerra que assola o mundo. Que sejamos capazes de partilhar o que somos e o temos, mesmo o que nos pode vir a fazer falta”…
Bispo de Setúbal.
“Gostava muito que, para todos nós, este não fosse mais um Advento, mais um Natal… antes pelo contrário, que seja «O» Advento, «O» Natal.O tempo consome-se tão depressa como uma vela acesa e, precisamos de parar e dar toda a nossa atenção, todo o nosso coração e capacidade de entendimento à maravilha que vamos viver, ao maior mistério da história da Humanidade.
A encarnação de Deus, isto é, Deus fazer-Se carne, homem como nós, é algo a que devemos prestar a nossa atenção, algo que nos deve comover e que pede capacidade de procurar entender a dimensão deste mistério.
A Igreja consciente da magnitude deste acontecimento, pede-nos que lhe demos pelo menos, quatro semanas do nosso tempo, como se assim pudéssemos fazer o caminho que nos leva à gruta de Belém. (...) Gostava muito que vivêssemos este Advento assim, conscientes do mistério, ajoelhados perante o Menino e felizes pela maravilha que nos acontece.
A revelação do Natal é anunciada desde a primeira noite… os pastores correram a Belém, os Reis Magos também. Porque no céu, brilhou uma estrela. Assim nos contam as Escrituras, assim nos mostrou São Francisco de Assis, quando construiu o primeiro presépio…
Bem sei que hoje parece impossível dissociar o Pai Natal carregado de presentes, deste tempo que nos é dado viver, ano após ano. Assim como é difícil manter a pureza de outros Natais, em que os presentes cabiam todos num sapatinho. Mas é possível fazermos a nossa parte, enquanto homens, mulheres, jovens e crianças desta Diocese que habitamos.
É possível não deixar de fazer o presépio em cada uma das nossas casas. É possível fazer o presépio nas montras dos nossos estabelecimentos comerciais.É possível encontrar algum tempo do nosso tempo, para perceber a cadência das quatro semanas do Advento. Com coroas ou sem coroas, o que importa é a luz de quatro velas que se acendem, uma de cada vez e nos podem iluminar este Natal.
É possível não criar expectativas nas crianças, sobre brinquedos e mais brinquedos e, antes pelo contrário, plantar nos seus pequeninos corações, a semente da generosidade que se faz atenção aos que menos têm e dádiva de uma pureza que só os mais pequeninos conseguem.
É possível transformar ofertas materiais em visitas aos hospitais, às prisões, em sorrisos que não se compram, nem vendem. É possível ter um lugar vazio nas nossas mesas, disponível para quem nos bata à porta.
Tudo isto é possível fazer acontecer à nossa volta. Basta uma decisão firme de viver este Advento e Natal, como se fosse o único e não mais um.Mas não sou capaz de vos pedir, apenas, este olhar à nossa volta. Bem sei que já é muito, mas mesmo assim arrisco-me a ir mais longe.
Enquanto escrevo estas linhas, o mundo assiste à possível capitulação do povo ucraniano. Não sei como será vivido o Natal na Ucrânia, nem em Gaza, nem em Myanmar, nem em Cabo Delgado, Moçambique, na Venezuela, em tantos outros pontos do nosso mundo onde se vive a “Terceira Guerra Mundial aos bocadinhos” como nos dizia o Papa Francisco... Mas sei que há fome, há destruição, há medo. Há famílias desfeitas, crianças órfãs. A guerra foi, é e será sempre o pior de todos os males de que o homem é capaz. Porque anula, destrói e corrompe a dignidade humana, aquela a que todos somos elevados desde o momento em que nascemos.
E o Natal fala-nos de Esperança, de Alegria e de Paz. Como seremos capazes de viver a Esperança, a Paz, a Alegria do Natal, perante este mundo, face a acontecimentos que nos são distantes do ponto de vista pessoal ou familiar?Não tenho respostas fáceis, mas sei que estamos a terminar o Jubileu da Esperança.
Que nos pede essa capacidade de não desistir de anunciar, de amar, de cuidar dos outros.Também sei que o segredo da nossa Fé está no pedido que nos é feito, «Amar a Deus sobre todas as coisas», aparentemente fácil, e «Amar os outros como a nós mesmos» e aqui é que percebemos logo como é difícil.
Por isso, o que vos peço, e peço a Deus que me ajude, é sermos capazes de Amar verdadeiramente o Outro neste Natal. Que sejamos capazes de não esquecer a guerra que assola o mundo. Que sejamos capazes de partilhar o que somos e o temos, mesmo o que nos pode vir a fazer falta”…
Medoro, irmão menor-padre pecador

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